Os Tecelões de Lódz - Revista CARTUM INTERATIVA nº 171.
Em 1889, no ano da Proclamação da República Brasileira, algumas famílias de imigrantes alemães, provenientes de Lódz, na Polônia (então ocupada pelo exército russo), chegaram em solo brasileiro, e receberam lotes agrícolas no Sternthal, o ponto mais remoto do recém criado município de Brusque. Eram tecelões que tiveram que deixar Lódz por causa da crise na indústria têxtil que deixara muitos operários desempregados.
FONTE de pesquisa:
"Brusque: 153 Anos de Imigr.Polonesa no Brasil" (artigo de Rosemari Glatz, publicado no Jornal Município em 19/08/2022)
"O VOO DA ÁGUIA: 150 anos de imigração polonesa no Brasil" (Rosemari Glatz).
"Uma Geografia (e Outras Histórias) para os Polacos" (Maria do Carmo Ramos Krieger)
No segundo semestre de 1889, a crise em Lódz, diminuiu os dias de trabalho, reduzindo os salários dos operários drasticamente. Parte das fábricas menores foi fechada. Nestas condições, a miséria começou a ser sentida pelas camadas menos favorecidas da população.
Esta situação serviu para fornecer excelente mão-de-obra altamente qualificada, importada da Europa, para o surgimento da Indústria Têxtil no Vale do Itajahy-Mirim. Os operários especializados emigraram para o Brasil levando na bagagem toda a sua experiência fabril.
E foi assim que, a partir de 1889, começaram a chegar a Brusque novas levas de colonos de origem polonesa. Os polacos chegados a partir de 1889 foram instalados no caminho para Nova Trento, Ribeirão do Ouro e Lageado do Porto Franco (atual Botuverá) e Guabiruba Alta (localidades depois conhecidas por Sibéria e Russland, em Guabiruba). Como era de se esperar, esses imigrantes não se adaptaram às novas terras, por serem montanhosas e de difícil aproveitamento agrícola.
Apesar da assistência temporária do Governo, as dificuldades não se fizeram esperar. Nas localidades de Sibéria e Russland (Guabiruba) declarou-se uma epidemia disentérica que roubou a vida de elevado número de crianças. No Lageado (Botuverá), o tifo, também de caráter epidêmico, ceifou a vida de muitos membros dessa infeliz colonização. Existem lá, ainda hoje, vestígios de um cemitério conhecido como “Cemitério dos Polacos”, sobre o qual tratamos no capítulo intitulado “Arte Cemiterial”, deste livro. Pelas razões apontadas, logo se iniciou o abandono quase total das terras, em demanda de Nova Trento e outras regiões. Gevaerd (1963) informa que no Ribeirão do Ouro e Lageado (Botuverá), as famílias polacas que ficaram tiveram que se adaptar ao trabalho e costumes dos imigrantes de origem italiana que já estavam assentados.
Não se adaptando à agricultura, os tecelões originários de Łódź que permaneceram procuraram aplicar na vila de Brusque, a sua verdadeira e natural aptidão profissional. Segundo registros existentes na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Brusque e no arquivo do Museu Histórico do Vale do Itajaí-Mirim, mais conhecido como Casa de Brusque, os tecelões que impulsionaram a indústria têxtil chegaram entre 1890 a 1896 e são os seguintes: Karl Gottlieb Petermann com sua esposa Berta e três filhos menores; Gottlieb Tietzmann e família; Julius Haacke; Franz Kreibich e família; Alvin Schaffel; Wilhelm Jackowsky e família; e Eduardo Franz.
Os Schlösser chegaram em 1896 e já vieram contratados para trabalhar na Fábrica Renaux (GEVAERD, 1963). Os sobrenomes Hartke, Kreibich, Wilke e Jescke também são referenciados nos anais da história como mestres na arte da tecelagem. Eram imigrantes alemães que estavam estabelecidos em território polonês e é possível que a relação feita não esteja completa, pela já citada escassez documental.
Gevaerd (1963) informa que Franz Kreibich e Karl Gottlieb Petermann foram os primeiros técnicos de Carlos Renaux. Petermann encontrava-se ainda morando com seus familiares na Guabiruba Alta quando foi chamado para impulsionar os primeiros teares. Jescke, Rutsch, Tietzmann e possivelmente outros, possuindo teares em casa, recebiam de Carlos Renaux o material necessário e, com os seus familiares, fabricavam o tecido, colaborando assim, indiretamente, com a indústria que se iniciava. Schäffel, Franz e Rutsch são sobrenomes quase desconhecidos hoje e tudo faz crer que, por motivos ignorados, se retiraram de Brusque.
Wilhelm Jankowsky, por sua vez, não colaborou com Carlos Renaux; fornecia o produto de seu trabalho ao comerciante João Bauer. Segundo registro existente na Casa de Brusque, em princípios de 1896 chegava a Brusque Gustavo Schlösser, diretamente para a fábrica de tecidos de Carlos Renaux, acompanhado da esposa e filhos. Dotado de extraordinários conhecimentos de sua arte, o polonês étnico-alemão orientava a fabricação de teares de madeira, alguns dos quais funcionam ainda hoje. É de justiça salientar que em muitas ocasiões difíceis na nova indústria, principalmente no setor técnico, Gustavo Schlösser conseguia contornar e resolver as situações. Em 1911, com seus filhos, fundou a Companhia Industrial Schlösser. Rudolfo, filho de Gottlieb Tietzmann, por volta de 1897 montava sua indústria de malharia e tricotagem, adquirindo, inicialmente, os teares de Wilhelm Jankowsky.
Outros tecelões chegaram depois de 1896, os quais, junto com os primeiros, transmitiram seus conhecimentos a seus filhos e a tantos operários que se sucederam na indústria de Brusque.
FONTE de pesquisa:
"Brusque: 153 Anos de Imigr.Polonesa no Brasil" (artigo de Rosemari Glatz, publicado no Jornal Município em 19/08/2022)
"O VOO DA ÁGUIA: 150 anos de imigração polonesa no Brasil" (Rosemari Glatz).
"Uma Geografia (e Outras Histórias) para os Polacos" (Maria do Carmo Ramos Krieger)
Comentários
Postar um comentário