Cia. Industrial Schlösser - Revista cartum interativa Nº 171
A Cia. Industrial Schlösser S/A, fundada em 1911 por Gustavo Schlösser e filhos, é um exemplo do trabalho pioneiro dos poloneses em Brusque. Inicialmente eles trabalharam como operários da Fábrica Renaux e depois, com seis contos, resultado de suas economias, deram início às atividades do ramo industrial com dois teares de madeira. O pai e os filhos Adolfo e Hugo iniciaram com tecidos populares e por várias vezes tiveram que emprestar dinheiro dos colonos.
FONTE de pesquisa:
"Brusque: 153 Anos de Imigr.Polonesa no Brasil" (artigo de Rosemari Glatz, publicado no Jornal Município em 19/08/2022)
"O VOO DA ÁGUIA: 150 anos de imigração polonesa no Brasil" (Rosemari Glatz).
“Brusque Os 60 e o 160: Elementos da Nossa História” (Rosemari Glatz - 2018).
"Uma Geografia (e Outras Histórias) para os Polacos" (Maria do Carmo Ramos Krieger)
https://www.brusquememoria.com.br/acervo-imagem/4294
https://omunicipio.com.br/%E2%80%8Ba-industria-textil-em-brusque-parte-final-schlosser/
https://araguaiabrusque.com.br/noticia/schl-sser-decreta-auto-falencia/3314
A família de Gustav Schlösser fazia parte dos “auslandsdeuctche”, assim chamados os imigrantes alemães que estavam estabelecidos em território polonês. Geograficamente, a família veio da Polônia, que, naquela época, era província da Rússia. A família Schlösser é originária de Rothenburg, na Silésia. Eles eram silesianos de origem alemã e dedicavam-se ao ramo têxtil, na produção de lã. Naquela época, os silesianos eram considerados pioneiros têxteis de alto gabarito. A Polônia oferecia boas perspectivas de sobrevivência e futuro desenvolvimento da indústria têxtil, atraindo profissionais do ramo têxtil. Gottfried Schlösser (avô de Gustav), motivado pelo desenvolvimento têxtil na Polônia, emigrou em 1820 de Rothenburg (Silésia) para Ozorków (Polônia), a primeira cidade fabricante de tecidos do reino.
A história da Família Schlösser no Brasil começa em 1896, quando chega a Brusque o imigrante Gustav Schlösser, um tecelão de Lodz (Polônia), contratado como técnico têxtil na Fábrica de Tecidos Carlos Renaux. Acompanhavam-no sua esposa Natália e quatro filhos menores: Hugo, Adolph, Carl e Robert. Gustav tomou conhecimento das oportunidades de trabalho através de um agente que contratava técnicos e tecelões para atuar no desenvolvimento da indústria têxtil no Vale do Itajaí-Mirim e do Itajaí-Açú. Saíram de Lódz, na Polônia, no dia 08/12/1895 e embarcaram em Hamburgo (Alemanha), no navio Paraguassu, no dia 19/12/1895.
Chegaram ao Rio de Janeiro em 13/01/1896, e em Brusque no dia 02/02/1896. Moraram no bairro Águas Claras. Gustav trabalhou como mestre de tecelagem na Fábrica de Tecidos Carlos Renaux. De 1898 a 1902, a família morou na localidade do Cedro (hoje, bairro Dom Joaquim), onde Gustav Schlösser foi professor na Escola Evangélica Luterana do Cedro. Depois, se mudaram para o centro de Brusque. Nathalie e Gustav tiveram mais três filhos: Richard, Olga Anna e Otto nascidos em Brusque.
Gustav, Hugo e Adolph trabalharam como tecelões na Fábrica de Carlos Renaux. Entre fevereiro e agosto de 1908, Hugo e Adolph estiveram trabalhando no mesmo ramo no Rio de Janeiro, para uma firma de nome Prinz & Cia. Voltando a Brusque, ainda em 1908, Hugo passa a tecer em casa, em um tear manual adquirido do tecelão Tietzmann, que o trouxera de Lódz; Adolph foi trabalhar na empresa Industrial Garcia, em Blumenau.
Gustav (o pai) era dotado de extraordinários conhecimentos de sua arte. Ele orientava a fabricação de teares de madeira, alguns dos quais funcionaram até o final do século XX. Em muitas ocasiões difíceis, na nova indústria, principalmente no setor técnico, era Gustav Schlösser que conseguia contornar ou resolver as situações. Gustav trabalhou na Fábrica Renaux durante 15 anos e exerceu por toda a sua vida atividades na indústria têxtil. Entusiasta do esporte amador, da arte e da cultura, Gustav Schlösser desviveu em Brusque no dia 15/02/1935.
Prédios da Indústria Schlosser vistos da colina do Bandeirante. Provavelmente no início dos anos 1960, pois observa-se a fase final de construção da Igreja Matriz.Anúncio da Indústria Schlösser veiculado na Revista Manchete em 1974
Indústria Schlösser em Brusque, nos anos 1980-1990.
Sede administrativa, Rua Getúlio Vargas.
1911: Gustav sai da Fábrica do Renaux e, junto com seus filhos, Hugo e Adolph, funda a Gustav Schlösser & Filhos, uma pequena tecelagem, cuja razão social mais tarde passaria para Cia. Industrial Schlösser.
A firma Gustav Schlösser e Filhos foi a terceira grande empresa têxtil a iniciar operações em Brusque. Com a fundação da firma, pai e filhos voltaram a trabalhar juntos, desta vez, por conta própria. O capital inicial da empresa era de seis contos e a tecelagem iniciou com dois teares manuais, um deles provavelmente aquele utilizado por Hugo na fabricação doméstica, e o outro, um tear jacquard, adquirido com o crédito concedido por Carlos Renaux, que se encarregou, também, do fornecimento de fio e da distribuição do produto em sua “venda”.
No início, os artigos produzidos pela Schlösser eram toalhas de mesa e rosto com flores na bainha, de jacquard, com base no mostruário da tecedura trazido por Gustav Schlösser.
A produção mensal no início da fundação da empresa – 1911, era de 400 metros de tecido por mês. Além da Renaux, Bauer e Buettner aparecem como compradores da Schlösser.
Pano de seda, com matéria-prima fornecida pelos italianos de Nova Trento, também era fabricado pela Schlösser e esse material era utilizado para a confecção de lenços especiais para as italianas irem ao cemitério.
Nos anos seguintes, Renaux continuou a ser o fornecedor de fios para a firma Schlösser. Esses fios eram importados pela empresa Carl Hoepcke. Do mesmo modo, a empresa Industrial Garcia, de Blumenau, fornecia fios para a Schlösser.
O crescimento após a primeira guerra
De 1913 em diante as vendas passaram a ser realizadas para as companhias de Hoepcke, Wendhausen e outras de Florianópolis e também para Blumenau e Joinville, vindo, a seguir, Jaraguá do Sul, Curitiba e Pelotas.
Em 1914, antes do início da Primeira Guerra Mundial e quando em Brusque já havia energia elétrica – fornecida pela hidrelétrica de João Bauer, a fábrica Schlösser se expandiu, inaugurando uma fase de crescimento.
Depois de 1918 a indústria têxtil do Brasil entrou em sua fase decisiva. O governo começou a taxar os tecidos estrangeiros, em escala ascendente, com direitos de importação, o que veio proporcionar ótimas condições de desenvolvimento à indústria nacional.
Era natural que essa medida viesse favorecer as empresas que já haviam se adaptado e, efetivamente, estavam em condições de satisfazerem a parte que lhes cabia no grande consumo do país. É o que se deu em relação às indústrias têxteis de Brusque.
No ano de 1933, a empresa é transformada em Sociedade Anônima, passando a ser denominada “Companhia Industrial Schlösser” até o fim da sua existência. Em 1938, adquiriu e instalou a sua fiação própria. E, em 1943, inaugurou a sua casa comercial.
Primeira parte da matéria da Revista Manchete sobre a Indústria Schlösser, em 1980, edição 1488.Segunda parte da matéria da Revista Manchete sobre a Indústria Schlösser, em 1980, edição 1488.
Foto área de Brusque em 1992, tirada de avião por Vilmar Appel.
Ao fundo, à esquerda, a Sociedade Esportiva Bandeirante s Indústria Schlosser.
Prédios da Indústria Schlosser vistos da colina do Bandeirante. Provavelmente no início dos anos 1960, pois observa-se a fase final de construção da Igreja Matriz.
Em 1924, a Schlösser instalou tinturaria própria. Com seu crescimento, passou a fabricar toalhas de copa, mesa, rosto e banho, além de tecidos em brim.
No ano de 1933, a firma foi transformada em Sociedade Anônima, passando a ser denominada “Companhia Industrial Schlösser” até o final da sua existência.
No ano de 1933, a empresa é transformada em Sociedade Anônima, passando a ser denominada “Companhia Industrial Schlösser” até o fim da sua existência.As três grandes fábricas têxteis de Brusque – Renaux, Buettner e Schlösser – chegaram a ser centenárias, mas não existem mais. A crise que levou ao fechamento das empresas começou com a abertura comercial no Brasil, nos anos de 1990. As indústrias não conseguiram competir com as importações.
Com produção verticalizada, faltou capital de giro para manter o negócio através de sucessivas crises. O modelo dessas empresas concentrava na fábrica todo o processo produtivo, da compra do algodão à entrega da toalha ou tecido. Isso faz com que o prazo entre o investimento nos insumos e a receita com o produto fique mais longo, prejudicando a situação do caixa.
Outro golpe foi a crise do algodão, em 2011, que fez o preço da commodity triplicar em um ano. Na época, as empresas entraram em recuperação, e não conseguiram sair da situação. E assim esta linda história de muito esforço e competência, chegou ao fim.
FONTE de pesquisa:
"Brusque: 153 Anos de Imigr.Polonesa no Brasil" (artigo de Rosemari Glatz, publicado no Jornal Município em 19/08/2022)
"O VOO DA ÁGUIA: 150 anos de imigração polonesa no Brasil" (Rosemari Glatz).
“Brusque Os 60 e o 160: Elementos da Nossa História” (Rosemari Glatz - 2018).
"Uma Geografia (e Outras Histórias) para os Polacos" (Maria do Carmo Ramos Krieger)
https://omunicipio.com.br/%E2%80%8Ba-industria-textil-em-brusque-parte-final-schlosser/
https://www.brusquememoria.com.br/acervo-imagem/4294
https://araguaiabrusque.com.br/noticia/schl-sser-decreta-auto-falencia/3314
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