Edmundo Saporski - Revista CARTUM INTERATIVA nº 171.

 Edmundo Sebastian WośSaporski, como ficou conhecido no Brasil, nasceu em Stare Siołkowice no dia 19 de janeiro de 1844 e se chamava simplesmente “Sebastian Woś”. Filho de Szymon Woś, que pertencia à camada mais rica de agricultores, e de sua esposa Jadwiga Kamp. 



FONTE de pesquisa:

"Brusque: 153 Anos de Imigr.Polonesa no Brasil" (artigo de Rosemari Glatz, publicado no Jornal Município em 19/08/2022)

"O VOO DA ÁGUIA: 150 anos de imigração polonesa no Brasil" (Rosemari Glatz).

"Uma Geografia (e Outras Histórias) para os Polacos" (Maria do Carmo Ramos Krieger)

 Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam)

Ao escrever sobre o assunto, Franciszek Sośnik (2019) afirma que Sebastian Woś era um homem corajoso, que não tinha medo de enfrentar os desafios que o destino lhe impusera. Ainda segundo o autor, ele se formou na escola primária de sua cidade e depois frequentou o ginásio em Opole. 

Pretendia estudar na Universidade de Wroclaw, mas foi ameaçado de recrutamento para o exército prussiano, o que ele não queria. Então, secretamente, Sebastian escapou da Polônia e, para cobrir seus rastros, mudou seu nome para Edmundo Sebastian Woś-Saporski  (Sośnik, 2019). Na Silésia, os poloneses compunham apenas cerca de 30% da população.  

WośSaporski era um jovem que, em sua terra natal sufocada por estrangeiros, não vislumbrava qualquer perspectiva. Assim, aos 23 anos, resolveu tentar a vida em outras paragens e deixou a Polônia. Decidiu ir para a Inglaterra e daí para a América do Sul. Em junho de 1867, alcançou terras brasileiras. Woś-Saporski viajou a bordo do veleiro “Emma”, que atracou no porto de Paranaguá, no litoral do Paraná. 

Mas ele não desceu nessa parada e seguiu viagem no navio, que rumava ao Uruguai. Em Montevidéu, ele conheceu um alemão que estava vindo para o Brasil e que o convidou para conhecer Santa Catarina. 

Woś-Saporski aceitou o convite e foi para a Colônia Blumenau, onde, por alguns meses, atuou como professor (Piekas, 2018). 




O início das tratativas para a vinda dos imigrantes poloneses 

Woś-Saporski percebeu que em Santa Catarina as condições de assentamento de colonização eram favoráveis, em especial para os imigrantes alemães. De acordo com Sośnik (2019), ele deve ter lembrado das duras condições de vida que existiam em sua terra natal, Stare Siołkowice, principalmente a dos estratos sociais mais baixos - nos quais uma parcela frequentemente morria de fome no período pré-colheita. 

Ele, então, decidiu mudar o destino dos seus conterrâneos, trazendo-os para o Brasil. No período em que morou em Blumenau, Woś-Saporski conheceu um padre polonês, Antônio Zielinski, que ministrava na cidade vizinha, Gaspar. Zielinski havia substituído o Padre Alberto Francisco Maximiliano Gattone quando este foi transferido para Brusque, em 1867.  

Assim como Woś-Saporski, o padre Zielinski também tinha intenções de trazer para o Brasil famílias de patrícios seus. Além disso, ele conhecia o Imperador do Brasil, Dom Pedro II, e gozava da amizade do seu genro, o Conde d’Eu,    conseguida   pelo    padre      Zielinski graças ao Bispo do Rio de Janeiro. Nessas condições, Woś-Saporski convenceu o amigo a tentar junto à corte uma concessão para a colonização de terrenos brasileiros por imigrantes poloneses. (POLONIABRASIL, 2019) Zielinski e Woś-Saporski foram grandes aliados no processo de imigração dos poloneses.

 Juntos, eles decidiram requerer ao Ministro da Agricultura um pedaço de terra que deveria ser obrigatoriamente povoada por colonos etnicamente poloneses. Conforme descrito por Sośnik (2019), Woś-Saporski e o padre Zielinski pediram ao imperador Dom Pedro II permissão para trazer colonos da Silésia, em uma carta datada de 4 de abril de 1869. 

Em 11 de maio do mesmo ano, receberam resposta positiva e lhes foi perguntado que terras desejavam colonizar. Pensavam em Santa Catarina, mas quase todo o vasto território da Bacia do Itajaí já fora destinado à colônia do Dr. Blumenau, e a maior parte das terras litorâneas, como Brusque, havia sido atribuída a colônias oficiais ou concedidas às colônias particulares. Além disso, Woś-Saporski e o padre Zielinski descobriram que o solo e o clima do Paraná seriam mais adequados aos colonos poloneses. Pediram, então, terras no Paraná. 

Em cartas a familiares e parentes, Woś-Saporski encorajava seus compatriotas a sair da aldeia, descrevendo as possibilidades e os grandes benefícios da colonização no Brasil. Com isso, muitas famílias expressaram o desejo de emigrar em busca de pão e felicidade. Entre 1869-1870, 32 famílias - aproximadamente 200 pessoas - deixaram Stare Siołkowice em duas ondas de emigração. (STARE SIOLCOWICE, 2019) 

Woś-Saporski informou aos siołkowianos que havia recebido permissão governamental para que eles viessem para o Brasil. As primeiras famílias vieram ainda no mesmo ano, em 1869. Eles venderam todos os seus pertences e compraram bilhetes de trem para Hamburgo ou para Bremen. De lá, navegaram para o Brasil, e os custos associados às viagens marítimas foram pagos pelo governo brasileiro, informa Sośnik (2019).

Fuga para o Paraná

Sebastian Woś Saporski e o Padre Antoni Zieliński, em vista das crescentes dificuldades dos primeiros imigrantes em Santa Catarina buscaram informações sobre outras terras. Souberam alguma coisa sobre o Paraná. 

As intenções de mudança chegaram em breve a Blumenau, onde os chefes, alemães em sua maioria, viam a presença dos polacos, como possibilidade de os transformar em escravos brancos. Quando os dois líderes polacos solicitaram transferência para os campos de Curitiba, receberam sonoro e enérgico não. Apesar disso, Saporski não desanimou. 

Viajou até o Paraná, acompanhado de sua mãe adotiva. Sua intenção era conhecer o local e solicitar diretamente ao Presidente da Província do Paraná a transmigração de seus patrícios para as vizinhanças de Curitiba.
Saporski conversou com o vice-presidente da Província, Ermelino de Leão, em Curitiba que, no entanto, pouco pode fazer, pois o Presidente Venâncio José de Oliveira Lisboa, ao contrário das expectativas, queria fundar uma colônia em Assugüy, bem longe de Curitiba. 

Além disso, alguns habitantes da cidade quando souberam das pretensões do polaco, imediatamente de posicionaram contra a chegada de novas pessoas. Começaram a chamá-lo de forasteiro. Por sua vez imigrantes alemães já estabelecidos no Pilarzinho, há alguns anos e ciosos de sua cômoda posição e de seu privilegiado monopólio de serem os únicos fornecedores de produtos hortigranjeiros, temiam a concorrência dos novos colonos e por isso se posicionaram contra. 

Eram eles, os Schaffer, os Mueller e os Wolf que quase conseguiram mudar o rumo da história polaca em Curitiba. Saporski voltou frustrado a Santa Catarina, mas nem por isso, menos esperançoso de seus propósitos.
Meses depois, Saporski finalmente conseguiu a aprovação da transmigração. Não foi fácil, mas o governo da província acabou financiando parte das despesas de transporte e assentamento dos polacos de Brusque. Por este feito e outros atos ao longo de sua vida, ele acabou sendo reconhecido como o "Pai da Imigração Polaca no Brasil".

DE BRUSQUE A PILARZINHO

O êxodo de poloneses a Curitiba ocorreu sem o consentimento da direção da Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro, nem do Governo da Província de Santa Catarina, muito menos de sua Majestade D. Pedro II.

Saporski sabia que a Diretoria da Colônia não seria favorável à saída dos imigrantes poloneses. Os dirigentes alemães tudo fizeram para afastar os imigrantes norte-americanos do loteamento Sixteen Lots, e conseguiram. Ao contrário, em relação aos poloneses, tudo fizeram para tentar mantê-los ali, pois consideravam os poloneses mais inofensivos para ocupar a região.

As autoridades causaram empecilhos para tentar barrar a saída em massa de poloneses, que ocorreu através de balsas no rio. Faltavam documentos, recursos e conforto. No porto de Itajaí, embarcaram no vapor "São Francisco", conforme a lista do comandante Isac, com os nomes e sobrenomes abrasileirados (Cato Bera, Catharina Coupá, Maria Penvcot, etc.). Nesta lista, consta que embarcaram 66 "filhos", acompanhando 26 adultos. Este grupo era composto em sua maioria por mulheres e crianças. Um outro grupo composto pelos homens casados já havia partido a pé, conforme orientação de Saporski. 

O navio atracou em Antonina (PR), seguindo a viagem em carroças até Curitiba (PR), vindo a se estabelecer na região das Mercês e do Pilarzinho, ali originando nova colônia, não sem antes passarem por outras tantas dificuldades no período de adaptação. 

Não existem documentos que comprovam como ocorreu esta transmigração. Mas enfim, estes imigrantes encontraram no Paraná as condições de clima e relevo mais favoráveis que permitiram a sua prosperidade. Porém, não sem altas passar por mais alguns perrengues na adaptação ao novo local. 





O Pai da Imigração polonesa no Brasil, e também topógrafo Edmundo Sebastião Wos Saporskie, quando mediu terrenos na região de Morretes - PR, foi mordido pela cobra venenosa "jararacuçu". Não morreu, pois foi salvo por uma índia da tribo dos Caijós, com a qual depois se casou. Tiveram muitos filhos, que se formaram e foram bons cidadãos. Com sua esposa viveu até o fim da vida. 

FONTE de pesquisa:

"Brusque: 153 Anos de Imigr.Polonesa no Brasil" (artigo de Rosemari Glatz, publicado no Jornal Município em 19/08/2022)

"O VOO DA ÁGUIA: 150 anos de imigração polonesa no Brasil" (Rosemari Glatz).

"Uma Geografia (e Outras Histórias) para os Polacos" (Maria do Carmo Ramos Krieger)

 Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam)

https://cristoreict.blogspot.com/2010/05/sebastiao-edmundo-wos-saporski.html

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