Arthur Schlösser - Revista CARTUM INTERATIVA nº 171.


 Arthur Schlösser, o "Pai dos Jogos Abertos de Santa Catarina" nasceu em Brusque no dia 26 de maio de 1916. 

Era formado em Fiação e Tecelagem e trabalhava na empresa têxtil de sua família, a Cia. Industrial Schlösser. Integrava a equipe da diretoria, da qual chegou a ocupar a superintendência.

Fonte: 

site História dos JASC https://historiajasc.wordpress.com

"Arthur Schlösser e a Criação dos Jogos Abertos de Santa Catarina" - Saulo Adami (Itajaí: S&T Editores, 2010).
Pesquisas de Robson Gallassini (in memoriam).


Seu Arthur e Dona Regina Scheidemantel tiveram três filhos: Roberto (que faleceu antes de completar 43 anos); Elisa (que casou-se com o médico Emílio Luis Niebuhr, com quem teve dois filhos: Eugênia e Arthur Otto - o Queco); e Virgínia Rose (que faleceu aos seis meses de idade).

Alguns depoimentos presentes no livro "Arthur Schlösser e a Criação dos Jogos Abertos de Santa Catarina", de Saulo Adami, traduzem a personalidade admirável do Seu Arthur:

Sua filha Elisa Schlösser Niebuhr contou que: -"Ele estava sempre pronto para escutar todo mundo: problema de operário, problema de amigos, ele sempre estava pronto para ajudar. Meu pai não foi um super-atleta, mas sempre foi um apaixonado pelo esporte. Ele praticava ginástica, por isso em nossa casa era normal falar em ginástica, acho que meu avô e meu tio-avô também praticavam, e o Bandeirante era uma extensão da nossa casa. Meu pai amava o esporte, amava o Bandeirante.
-Ele entrava (em casa) assobiando sempre. Tu não vias meu pai de mau humor. Dificilmente. Ele podia ficar mais quieto, mas nunca de mau humor."

O médico João Antônio Schaefer, ou Doutor Nica, conviveu bastante com o seu Arthur, que era amigo de um irmão dele, Orlando Schaefer. - "Ele não sabia dizer uma palavra áspera. Quando tinha algum problema, ele sempre dizia: "Nica, vamos dar um jeito!"
"O grande legado do seu Arthur foi ter sido bom. Ajudar os outros sem pensar. E sem esperar nada em troca."

“Seu Arthur era uma pessoa extraordinária”, destacou o Sr. Walter Orthmann (funcionário recordista da Renaux). Quando foram criados os JASCs, Orthmann integrou a CCO e participou de quase todas as edições. No bolão, foi técnico e jogador. Disputando em Brusque, nunca perdeu.

Disse Rudy Nodari (entusiasta desportista de Joaçaba) “Em todos os momentos encontrávamos no seu Arthur valores brilhantes. Valores ainda maiores que expressavam o sentido de sua atenção para com tudo e todos. Pessoas como ele são tesouros que levamos uma vida inteira para encontrar, outra vida para medir, calcular o seu devido valor, e uma eternidade para agradecermos por tamanha atenção. Tenho o seu Arthur como um ser humano tão grandioso, com tamanha firmeza de caráter, de bondade e altivez, que sua fronte toca as estrelas e sua alma é mais vasta que todo o universo.
Assista a uma entrevista com o joaçabense Rudi José NodariACESSANDO AQUI !!!




Durante sua juventude foi um esportista: jogou futebol pelo Sport Club Brusquense e foi atleta em diversas modalidades, pela
 Sociedade Esportiva Bandeirante, como ginástica, punhobol, tênis, vôlei e basquete. Foi na própria S.E. Bandeirante, no cargo de presidente, que “Seu Arthur” teve a ideia de realizar em Brusque os primeiros Jogos Abertos de Santa Catarina. 

No final da década de 50, Schlösser financiou a viagem de uma delegação de Brusque para os Jogos Abertos do Interior de São Paulo, com o objetivo de aprender como organizar um grande evento esportivo. 

O estádio de esportes do Bandeirante, construído para os VI Jogos Abertos, também recebeu ajuda do próprio bolso de “Seu Arthur” para ficar pronto, e por conta disso receberia o nome de Estádio Arthur Schlösser. Mas ele, que não gostava de aparecer, recusou a homenagem. 

O sonho de “Seu Arthur” se tornou realidade em 1960, quando, junto com o centenário da cidade de Brusque aconteceram os primeiros Jogos Abertos de Santa Catarina. 



Rudy Nodari, outra figura emblemática do início dos Jogos, conta que em uma conversa com Schlösser, ele se mostrou empolgado com os 444 participantes e sonhava: “será que um dia vamos chegar a mil atletas?” Na edição do cinquentenário dos JASC houveram 86 municípios participantes e cerca de 7 mil atletas. 

Em 1957 chamou em seu escritório Rubens Facchini, lançando a ele um desafio: “Eu quero fazer uma competição esportiva parecida com os Jogos Abertos do Interior de São Paulo”. 

SAIBA MAIS Sobre Rubens Facchini, ACESSANDO AQUI !!

No ano anterior, Arthur estivera em São Paulo,, no órgão que administrava os Jogos Abertos do Interior, onde encontrou apenas uma pessoa tomando conta do escritório, a qual não sabia explicar quase nada sobre as competições.

Determinado a conhecer o máximo possível sobre jogos abertos, e firme no propósito de criar um evento similar para Brusque, Schlösser decidiu investir em uma delegação da Sociedade Esportiva Bandeirante, inscrevê-la nas competições de 1957 e, de uma vez por todas, conhecer a natureza dos jogos.

Os Jogos Abertos do Interior de São Paulo, em 1957, foram realizados no município de São Carlos. Rubens Facchini foi incumbido de acompanhar a delegação e preparar um relatório com todos os detalhes, além de conseguir formulários e outros materiais dos jogos. “Eu vou!”, respondeu Rubens, sem pestanejar.

E foi assim que Arthur Schlösser lançou a semente, na terra fértil da Brusque Industrial, dos primeiros Jogos Abertos de Santa Catarina, que seriam disputados em 1960. Entre os dirigentes da delegação estavam Ary Wehmuth e Manfredo Hoffmann. 



Estiveram na Comissão Central Organizadora, onde conheceram Baby Barioni, o fundador dos Jogos Abertos de São Paulo ( fundou em 1936, no município de Monte Alto). Quando Baby soube que em brusque havia um industrial interessado em promover competição semelhante em Santa Catarina, mostrou todo o seu entusiasmo: “Vocês têm que incentivar esse homem! Eu vou passar todas as informações para vocês. Vocês vão levar todo o material.”

Não faltou nada: súmulas, regulamentos, fichas, cartões, flâmulas, cartazes... o relatório que Facchini precisava apresentar ficou bem encorpado. Entusiasmado com a receptividade, Arthur Schlösser garantiu a participação da equipe também nos jogos de 1958 (Piracicaba) e 1959 (Santo André). Nos bastidores, trabalhou montando a Comissão Central Organizadora para os jogos catarinenses. As reuniões eram em seu escritório todas as semanas, depois das 5 horas da tarde.

Na primeira competição, quase a totalidade dos atletas eram amadores. E nem tudo foi perfeição: a pista de atletismo oficial deveria ter 400 metros, porém a da Sociedade Bandeirante tinha apenas 385 metros. As quadras de voleibol e basquetebol não tinham cobertura, mas durante os Jogos Abertos de 1960 não caiu sequer uma gota de chuva! O que demonstra que, além de todos os seus talentos e da sua determinação, seu Arthur também era um homem de sorte!


Em um tempo em que não havia internet e as linhas telefônicas eram poucas, optou-se por convidar os prefeitos de outra cidades visitando pessoalmente. Começou pelas cidades mais próximas. Em Joinville, por exemplo, Arthur tinha amigos e empresários, assim como em Itajaí, Rio do Sul e Blumenau (cidade natal de sua esposa, Regina). Seu Arthur visitou as cidades nas quais a Cia. Ind. Schlösser possuía contatos comerciais, para apresentar a grande novidade. Para isso levou na bagagem o cartaz da competição (criado pela empresa de publicidade Nagib Barbieri (de Blumenau).

Rubens Facchini o acompanhou e recebeu um pedido: “Eu não posso ir a mais cidades, devido aos meus compromissos profissionais. Você poderia me representar?”. 

As prefeituras, naquela época, não dispunham de uma secretaria ou de uma fundação municipal de esportes, sequer mantinham uma comissão de esportes. O mais comum era encontrar clubes esportivos que não contemplavam muitas modalidades. As mais populares daquele tempo eram o tiro e o futebol. “Então, custeie a ida do clube do senhor, vai ser uma coisa boa! “, argumentava Facchini no encontro com cada prefeito.

A campanha esquematizada por Arthur Schlöser deu certo! Ao todo, 14 cidades (inclusive Brusque) confirmaram participação na primeira edição dos Jogos Abertos de Santa Catarina, realizados no período de 7 a 12 de agosto de 1960, ano no qual o município de Brusque comemorou o seu primeiro centenário de fundação, no dia 04 daquele mês.

O Pai dos Jogos Abertos faleceu em um trágico acidente automobilístico, em 28 de outubro de 1969.

COMISSÃO CENTRAL ORGANIZADORA

Foi constituída em 19 de novembro de 1958, sendo o órgão controlador dos JASCs:

Presidente – Arthur Schlösser;

Vice-Presidente – Gothard Pastor;

2º Vice-Presidente – Alfredo Kohler;

3º Vice-Presidente – Ary Wehmuth;

1º Secretário – Cyro Gevaerd;

2º Secretário – Agostinho Maurici;

1º Tesoureiro – Erich Hoffmann;

2º Tesoureiro – Orlando Francisco Müller;

3º Tesoureiro – Dercy Zimmermann;

Coordenador Técnico – Dr. Francisco Dall’Igna;

Coordenador Administrativo – Manfredo Hoffmann;

Secretário Administrativo – Rubens Facchini.


A PRIMEIRA EDIÇÃO



Participaram dos primeiros Jogos Abertos de Santa Catarina, 14 municípios: Brusque, Blumenau, Concórdia, Corupá, Criciúma, Florianópolis, Indaial, Itajaí, Joaçaba, Joinville, Lages, Mafra, Rio do Sul e São Bento do Sul. Ao todo, foram inscritos 444 atletas.

As delegações começaram a chegar à cidade a partir do dia 05 de agosto. Como fora previsto, vieram à Secretaria da Comissão Central Organizadora dos Jogos, na Praça Salgado Filho (atual Praça Barão de Schneeburg), no primeiro andar do Edifício Centenário, sala nº 05. Todos receberam credenciais, alojamentos e o mapa da cidade, com o qual podiam com extrema facilidade encontrar os pontos desejados.

Florianópolis ficou em primeiro lugar no quadro de medalhas, ficando Brusque na segunda posição.

Depois de Brusque, os Jogos Abertos de Santa Catarina foram sediados em Florianópolis (1961), Blumenau (1962) e Joinville (1963). No ano seguinte, Porto União foi escolhida como cidade sede, pois lá havia uma unidade do exército que mantinha uma pista de atletismo, coisa rara de se encontrar naqueles tempos, e que ajudaria a desenvolver esta modalidade dos JASCs.

“Desde o início dos jogos, o Sr Arthur sempre demonstrou uma ampla visão de competição e organização”, contou Rubens Facchini. “Tanto é, que em 1960 ele pediu para que todos os municípios participantes subscrevessem um pedido ao Governo do Estado para que este assumisse a administração dos Jogos. Pedido renovado ano após ano, porém, o Governo somente assumiria a competição em 1976, quando a sede foi Tubarão. Até então, o Governo destinava um pequeno auxílio, fazendo com que a cidade sede custeasse a maior parte das despesas com o evento. Por isso nem todos os municípios tinham interesse ou condições de custear o evento, que crescia a cada ano:

“Em 1960, foi criado o Conselho de Representantes, que hoje mais ou menos é o Conselho Estadual do Desporto, composto de 20 conselheiros entre desportistas do Estado todo, sendo 10 nomeados pelo governo, normalmente políticos, e 10 nomeados pelas entidades de classe esportiva”, lembrou Facchini, no ano de 2010. “Na início, o conselho de representantes era formado por umas cinco ou seis pessos, somente, representando seus municípios. A cidade sede, automaticamente tinha um representante, e os outros eram os que haviam sediado anteriormente mais os municípios mais importantes.”


Enquanto viveu, Arthur Schlösser fez parte do Conselho de Representantes. Mas, nem sempre era possível a sua presença em reuniões, devido ao seu compromisso com a Companhia Industrial Schlösser. Quando impossibilitado de estar presente, Rubens Facchini o representava. “Você tem um carro pra ir?”, perguntava o Seu Arthur. Quando Facchini não tinha, era cedido o fusca da empresa. E entregava a Facchini um envelope com dinheiro. “Não deixa ninguém pagar nada, nem hotel e nem comida.” Porque quem fazia parte do conselho era voluntário, e geralmente não era gente de posses.

Fonte: 

site História dos JASC https://historiajasc.wordpress.com

"Arthur Schlösser e a Criação dos Jogos Abertos de Santa Catarina" - Saulo Adami (Itajaí: S&T Editores, 2010).
Pesquisas de Robson Gallassini (in memoriam).

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