Quem anda pelas ruas de Brusque pode perceber a influência
de Karl Christian Renaux. Seu nome “aportuguesado” para Carlos Renaux intitula hospitais, avenida, escola, clube, sociedade
e estádio de futebol. De fato, o imigrante alemão foi um personagem de muita
importância na história de Brusque. Apesar de nascer na Alemanha, a grafia do
sobrenome Renaux nos revela sua origem francesa. Segundo a tradição da família,
o trisavô de Carlos servia na guarda do rei Luís XVI e com a Revolução
Francesa, muda-se para a Renânia. Carlos Renaux nasce em 1862, em Loerrach, uma
cidade do sudoeste da Alemanha, perto da fronteira com a França e a Suíça.

Renaux inicia seus negócios com a aquisição da venda em que
trabalhava. Para isso ele utiliza suas economias e o dote recebido por sua
esposa. As vendas, como eram chamadas as casas comerciais, eram encontradas na
Sede (atual Centro), ou no cruzamento das estradas e no centro dos núcleos
coloniais. Ali, as mercadorias eram trocadas “in natura”. “O colono entregava
ao vendeiro boa parte da sua produção agrícola, mas pode-se dizer que o colono
‘compra a ferradura, pagando com o cavalo’”. O vendeiro adquiria dos colonos o
excedente da produção colonial e lhes dava em troca utensílios, mantimentos,
remédios, etc. Os vendeiros de maior destaque em Brusque foram Guilherme
Krieger, João Bauer, Augusto Klappoth, Eduardo von Buettner e Carlos Renaux.
Renaux já era popular e após se tornar o dono da venda, ele
se torna ainda mais influente em Brusque. Com a prosperidade dos negócios ele
consegue a renda mínima, conforme a constituição de 1824, para participar da
política. Deste modo Renaux passa a influenciar diretamente as decisões da
cidade. Devemos lembrar que a política daquela época era bem diferente, marcada
pelo coronelismo. Neste contexto o Estado não se fazia tão presente no interior
do país, sendo que as cidades eram comandadas pelo poder das elites locais, os
coronéis.No ano de 1892, o comerciante local Carlos Cristiano Renaux fundou a primeira indústria têxtil de Santa
Catarina. Os primeiros teares foram
feitos pelos imigrantes poloneses, conhecedores da arte de fiar, e foram
instalados no interior do armazém de Carlos Renaux, na rua principal (onde está
a atual Praça Barão von Schneeburg), que servia de depósito para as mercadorias
comercializadas na Vila. Com cerca de oito teares, a produção teve início. Os
tecidos de algodão eram produtos difíceis de encontrar e até então eram
trazidos de fora da cidade. É importante lembrar que os colonos compravam os
panos, mas as roupas eram costuradas em casa pelas mulheres da família ou
encomendados a um alfaiate.
A Fábrica de Tecidos Carlos Renaux foi fundada no dia do
aniversário de 30 anos do seu proprietário, 11 de março de 1892. Tempos depois,
foi transferida para novas instalações na Rua dos Pomeranos (atual avenida 1º
de maio), assim chamada em homenagem aos imigrantes pomeranos que ali se
instalaram. O local foi escolhido por possuir um ribeirão que poderia gerar a
energia necessária para a fábrica. Ali, em novas instalações, a empresa
prosperou.

Carlos Renaux (1862-1945) contribui com diversas doações e
obras para o município de Brusque mantendo-se sempre no poder, direta ou
indiretamente. Juntando seu dinheiro acumulado com o dote recebido de sua esposa
e também a empréstimos em Santa Catarina e Europa, Renaux (O Título de Cônsul só lhe foi outorgado em 1920) funda em 1892 a
Fábrica de Tecidos Carlos Renaux. Esta fábrica com as outras que a sucederam,
modificam o panorama de Brusque: o trabalho industrial ganha cada vez mais
força e importância. Na atuação de Renaux como superintendente da cidade é
realizada a construção da ponte Vidal Ramos em 1905, que liga, pela primeira
vez, o centro de Brusque ao outro lado do rio e também a sua fábrica que ficava
onde hoje é a rua Primeiro de Maio. Sempre que possível tentava agradar a todos
em troca do desenvolvimento da cidade e apoio popular para si e sua família.

Por exemplo, ao mesmo tempo que investe na ampliação do
Hospital Arquidiocesano de Azambuja, consegue a doação do terreno da comunidade
Luterana e financia a construção de uma maternidade, ambas as instituições
homenageiam Renaux em seus nomes. Faz doação de metade do valor da construção
da sede social do Sport Club Brusquense, que vai homenageá-lo trocando o seu
nome para Clube Atlético Carlos Renaux e repete o ato ao clube Paysandú, que
nomeia seu estádio como Coronel Carlos Renaux. Contribui com o Colégio São Luiz
e também com o Grupo Escolar Alberto Torres, que posteriormente abre o primeiro
Ginásio de Brusque (hoje equivale aos anos finais do ensino fundam.) e como os
exemplos anteriores, homenageia Renaux em seu nome, sendo hoje todo o colégio
nomeado Cônsul Carlos Renaux. Entre diversas outras obras está a criação da
Sociedade Cultural e Beneficente “Cônsul Carlos Renaux”. Ela tinha como
objetivo amparar viúvas, fornecer bolsas de estudo, contribuir com artistas e
inventores, além de ajudar instituições esportivas e religiosas. Um dos
projetos apresentados a Renaux e que recebe o apoio da sociedade é o da primeira
geladeira fabricada no Brasil.
Pesquisa: Carlos Eduardo Michel
Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam).
Comentários
Postar um comentário