Chegam Os Primeiros Poloneses - Revista CARTUM INTERATIVA nº 171.
Em 1795, a Polônia havia desaparecido do mapa político da Europa, na chamada Terceira Partilha da Polônia. A resistência polonesa foi esmagada e todo o território foi invadido e dividido entre Rússia, Áustria e Prússia.
À Rússia coube a área de 120.000 km² e 1,2 milhão de pessoas, aos prussianos a área de 55.000 km² e 1 milhão de pessoas incluindo Varsóvia, aos austríacos coube 47.000 km² com 1,2 milhão de habitantes mais Lublin e Cracóvia.
O Reino da Polônia deixou de existir.
FONTE de pesquisa:
"Brusque: 153 Anos de Imigr.Polonesa no Brasil" (artigo de Rosemari Glatz, publicado no Jornal Município em 19/08/2022)
"O VOO DA ÁGUIA: 150 anos de imigração polonesa no Brasil" (Rosemari Glatz).
"Uma Geografia (e Outras Histórias) para os Polacos" (Maria do Carmo Ramos Krieger)
Brusque foi fundada em 4 de agosto de 1860, quando a primeira leva organizada de colonizadores alemães chegou à Colônia Itajahy (atual Brusque). O grupo era composto por 54 pessoas, veio sob o comando do Barão Maxmilian von Schneeburg, primeiro diretor da Colônia, e chegaram acompanhados pelo Presidente da Província de Santa Catarina, Dr. Francisco de Araújo Brusque. A população de Brusque foi formada por diferentes grupos de imigrantes que para cá vieram a partir de então: Alemães, Italianos, franceses, austríacos, portugueses... e poloneses.
Em agosto de 1869, Brusque recebeu o primeiro grupo organizado de imigrantes poloneses, o que faz de Brusque o “Berço da Imigração Polonesa no Brasil”. Eles eram agricultores vindos da aldeia Stare Siołkowice (em alemão: Alt Schalkowitz), na Alta Silésia, sudeste da Polônia, região que, desde 1742, estava tomada pela Prússia.
Os primeiros poloneses chegaram em agosto de 1869, em um
grupo formado por 16 famílias, a bordo do navio Victória, que aportou em
Itajaí. A viagem até a Sede da Colônia Itajahy foi feita pelo rio.
94 colonos poloneses foram instalados nas terras da Colônia Príncipe Dom Pedro (Região de Dom Joaquim, águas Negras e Botuverá), na linha “Sixteen Lots”, a qual fora abandonada pelos imigrantes norte-americanos.
Porém a
maioria deles não permanecera em seus lotes por muito tempo. Enfrentaram
difíceis condições nas terras montanhosas onde foram instalados, e muitos deles
foram embora em 1871, acompanhando Edmundo Sebastian Woś-Saporski, que é considerado, por alguns, o pai da imigração polonesa no Brasil.
Os colonos não estavam acostumados com o clima tropical nem com o assentamento, que ficava nas profundezas da mata. Nos primórdios da colônia, as moradias eram simples barracos, feitos com troncos de palmito juçara, cobertos de folhas de palmeiras trançadas, e chão batido.
Em alguns casos, as frestas das paredes eram fechadas com barro. Foram tempos difíceis, e só com muita fé em Deus e união é que as famílias conseguiram suportar aqueles primeiros tempos em terras brasileiras.
Os colonos polacos da Linha Sixteen Lots, logo perceberam as dificuldades da vida na colônia, sem os subsídios do Governo: enchentes, bugres, falta de serviços, problemas administrativos, doenças, etc.
A situação na região estava caótica. Edmundo Saporski era polonês e queria fundar uma colônia só de poloneses, no Brasil. Passando pelo Vale do Itajaí, ficou sabendo da Colônia Príncipe Dom Pedro e da leva de colonos poloneses que haviam se instalado naquelas terras.
A ODISSÉIA DOS PRIMEIROS POLONESES:
DA SILÉSIA A BRUSQUE
Os agricultores poloneses da Silésia, cheios de esperança, venderam suas propriedades e seus pertences, viajaram de trem até Hamburgo, onde embarcaram no navio Victoria, para cruzar o oceano Atlântico e dar início a uma nova vida.
Em meados de agosto de 1869, o navio Victoria atracou no Porto de Itajaí, trazendo o primeiro grupo de imigrantes poloneses originários da aldeia de Stare Siołkowice, Alta Silésia - região ocupada pelo Império da Prússia.
O Victoria era um veleiro do tipo barca, que tinha como destino Dona Francisca (atual cidade de Joinville) e Blumenau - ambas colônias de Santa Catarina. O Victoria foi conduzido pelo Capitão Redlich e trazia, a bordo, 173 pessoas. Dados oficiais indicam que 60 destes imigrantes ficaram na Colônia Dona Francisca, onde foram recepcionados no dia 12 de agosto.
Os demais seguiram viagem para o porto de Itajaí, com destino a Blumenau e Brusque. Algumas notas encontradas no jornal alemão Allgemeine Auswanderungs Zeitung anunciam a partida do Victoria. E uma única nota publicada do Kolonie Zeitung, de Blumenau, na edição do dia 14/8/1869, comunicou a chegada da barca ao porto de São Francisco do Sul. Não foram encontradas referências de quando o Victoria teria seguido viagem, nem de quando o veleiro atracou em Itajaí. Esta é uma barreira que muitos pesquisadores encontram ao investigar desembarques ocorridos em Itajaí, devido à inexistência de um controle alfandegário ali, na época .
Conforme a lista de passageiros original, emitida em Hamburgo, a maioria das famílias polacas que foram instaladas em Brusque declarou ser originária da aldeia de Schalkowitz – nome germanizado de Stare Siołkowice -, a mesma aldeia de onde Saporski havia emigrado dois anos antes, em 1867.
Eram as famílias Wosch, Purkott, Kania, Prodlo, Szjnowski, Gbur, Pollack e Pampuch. Apenas uma se declarou originária de Poppelau (a família Kania), e duas de Chrosczütz (as famílias Stempka e Otto), todas elas localizadas na província de Opole, Alta Silésia, no sudoeste da Polônia. Apenas a família Weber se declarou originária da aldeia de Neuhamer.
Dados técnicos sobre a viagem do Veleiro Victoria
Embarque dos passageiros em Hamburgo: dia 10 de junho de 1869.-
Partida de Hamburgo: dia 11 de junho de 1869.-
Foi para o mar em: 13 de junho de 1869.-
Chegada ao Porto Dona Francisca: anoitecer do dia 11 de agosto de 1869.-
Tempo de viagem até o Porto de Dona Francisca (São Francisco do Sul): 58 dias.
DE BRUSQUE A PILARZINHO
O êxodo de poloneses a Curitiba ocorreu sem o consentimento da direção da Colônia Itajahy-Brusque e Príncipe Dom Pedro, nem do Governo da Província de Santa Catarina, muito menos de sua Majestade D. Pedro II.
Saporski sabia que a Diretoria da Colônia não seria favorável à saída dos imigrantes poloneses. Os dirigentes alemães tudo fizeram para afastar os imigrantes norte-americanos do loteamento Sixteen Lots, e conseguiram. Ao contrário, em relação aos poloneses, tudo fizeram para tentar mantê-los ali, pois consideravam os poloneses mais inofensivos para ocupar a região.
As autoridades causaram empecilhos para tentar barrar a saída em massa de poloneses, que ocorreu através de balsas no rio. Faltavam documentos, recursos e conforto. No porto de Itajaí, embarcaram no vapor "São Francisco", conforme a lista do comandante Isac, com os nomes e sobrenomes abrasileirados (Cato Bera, Catharina Coupá, Maria Penvcot, etc.). Nesta lista, consta que embarcaram 66 "filhos", acompanhando 26 adultos.Este grupo era composto em sua maioria por mulheres e crianças. Um outro grupo composto pelos homens casados já havia partido a pé, conforme orientação de Saporski.
O navio atracou em Antonina (PR), seguindo a viagem em carroças até Curitiba (PR), vindo a se estabelecer na região das Mercês e do Pilarzinho, ali originando nova colônia, não sem antes passarem por outras tantas dificuldades no período de adaptação.
Não existem documentos que comprovam como ocorreu esta transmigração. Mas enfim, estes imigrantes encontraram no Paraná as condições de clima e relevo mais favoráveis que permitiram a sua prosperidade. Porém, não sem altas passar por mais alguns perrengues na adaptação ao novo local.
FONTE de pesquisa:
"Brusque: 153 Anos de Imigr.Polonesa no Brasil" (artigo de Rosemari Glatz, publicado no Jornal Município em 19/08/2022)
"O VOO DA ÁGUIA: 150 anos de imigração polonesa no Brasil" (Rosemari Glatz).
"Uma Geografia (e Outras Histórias) para os Polacos" (Maria do Carmo Ramos Krieger)
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