O Escultor Felix Carbajal - Revista CARTUM GASPAR nº 09.
Felix Carbajal (1913 – 2005) foi responsável pela instalação de pelo menos 180 relógios de sol em 30 países, especialmente das Américas.
Carbajal percorreu 64 países e cursou as melhores faculdades do mundo. Especializado em artes, filosofia, ciência e na construção de quadrantes solares, nasceu em Montevidéu, no seio de uma família rica. Pegou sua fortuna e correu o mundo.
Chegou no Brasil em 1962, depois de cursar letras na Espanha, em 1932, História na França, em 1939, filosofia e ciência no México e um doutorado na Universidade de Stanford, na Califórnia.
Falava fluentemente espanhol e francês e mais
outros cinco idiomas – latim, grego, inglês, italiano e alemão. Carbajal não
tinha endereço, era peregrino e anarquista e nunca quis ter nada seu. Carbajal
faleceu no Asilo São Simeão em Blumenau aos 100 anos de idade, no dia 3 de
agosto de 2005 e foi sepultado em Lages.
Poeta, andarilho, filósofo, professor, construtor de relógios de sol, vanguardista, amigo de artistas e pensadores, conferencista, boêmio… Félix se ocupou em andar e promover encontros ao longo de seus quase cem anos de vida, deixando esparsos vestígios de sua história, os quais foram reunidos pelo historiador e professor Ricardo Machado, o qual organizou sua interessante biografia.
“Quem foi Félix Peyrallo Carbajal? Se para a maioria das biografias essa é uma pergunta relativamente simples, no caso de Félix, as respostas são sempre provisórias, deslocando-se ao compasso de uma vida que se fez em movimento. Félix se entregou à procura por viver a vida como obra de arte. Essa entrega fez com que muito cedo saísse de casa em uma viagem radical sem retorno, atravessando desertos, enfrentando abismos, promovendo encontros poéticos e encantando pessoas em diferentes lugares do mundo”, escreve o autor.
Félix levou uma existência nômade em pleno século XX por um território que inclui o Uruguai como local de nascimento e o Brasil como sepulcro. Entre um e outro, Espanha, França, Cuba, Argentina, Paraguai, México. Em sua passagem por estes lugares, realizava conferências sobre temas diversos como poesia, filosofia e matemática. Além disso, em diversas cidades deixou construído um relógio de sol, muitos deles aqui no Brasil.
Durante suas andanças, Félix se encontrou com figuras importantes da cena artística e intelectual latino-americana, como Eduardo Galeano, Carilda Oliver Labra, Pedro Garfias, Rubén Darío e Manuel Bandeira que, por sinal, deixou registrado em uma crônica suas impressões sobre o encontro:
“Ao perguntar quando chegou ao Rio de Janeiro, ele responde que foi no dia anterior; quanto tempo pretendia demorar na cidade, respondeu que não sabia; do que vivia na ocasião, respondeu que vivia de mendicância. E assim o estranho visitante de Bandeira diz ter sido por toda parte por onde esteve: quando tem fome pede comida, quando tem sono pede uma cama e, se não descobrir um lugar para pouso, passa a noite inteira caminhando, pois é capaz de caminhar 25 quilômetros sem sentir fadiga. Comer e dormir não são problemas, os problemas da vida são outros.” (Ricardo Machado)
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