Agostinho Alves Ramos - Revista CARTUM GASPAR nº 09.

Fonte: “Simplesmente Gaspar”, de Leda Maria Baptista.

1822


Sabe-se pouco sobre os antecedentes do carioca Agostinho Alves Ramos, antes da sua chegada a SC, logo após a independência do Brasil, em 1822. É certo que veio para Desterro (atual Florianópolis), na companhia de sua esposa, Ana Maria Rita, portuguesa, e se associou ao comerciante Anacleto José Pereira, que tinha casa de negócio à esquina da praça, com a rua da cadeia, na capital da província.

Era guarda-livros, além de possuir muitos conhecimentos em outros ramos de atividades, entre eles, noção de desenho industrial, plantas de barcos e casas. Versado em letras (era bom poeta), criou sátiras sobre os homens e coisas da época. Escreveu também memórias. Negociante ativo, político habilidoso e de grande cultivo espiritual.

 



1823


Agostinho Alves Ramos, após 1823, tornou-se sócio de um grande comerciante da ilha, que mantinha, além da casa de comércio, barcos que percorriam a costa, a negócios. Nessas viagens, Agostinho logo percebeu o bom ponto que as terras da foz do Rio Itajaí ofereciam para um empreendimento comercial.

Em fins do ano de 1823, após construir casa apropriada para negócio e moradia, em terreno adquirido de José Coelho da Rocha e extremando com os Azeredo Leão Coutinho (leste), Correia de Negreiros (sul), Rio Itajaí-Mirim (oeste) e com frente para o Rio Itajaí-Açu, instalou-se com sua esposa Ana Maria Rita. As terras do Itajaí acabavam de receber o seu colonizador.

Coronel da Legião da Guarda Nacional. Era o único negociante da região, comprador de todos os gêneros agrícolas e madeira produzidos e fornecedor de tudo o que era preciso no lugar. Obteve do governo várias concessões de terras.


1832


Com a criação do município de Porto Belo, em 1832, as terras de Itajaí e Gaspar desligaram-se do município de São Francisco, passando a fazer parte do território de Porto Belo.


1835


De 1823 a 1835, Alves Ramos deu novos rumos ao povoamento do médio e foz do Rio Itajaí. Estabeleceu-se como comerciante e elegeu-se deputado provincial em 1835.

Por interferência sua, já em 13 de janeiro de 1830, o Presidente da Província, Feliciano Nunes Pires, sancionou a Lei de nº 11, de autoria do deputado Alves Ramos, que mandou estabelecer duas colônias. Uma no Itajaí-Mirim e outra no Itajaí-Açú, ambas com dois arraiais.

A Colônia do Itajaí-Açu recebeu o apelido de “Itajaí Grande” e iniciou com a organização do Arraial do Pocinho, terras próximas à foz do Ribeirão Arraial (atualmente) e seguindo-se pelas terras do Ribeirão Belchior, onde se estabeleceu o Arraial do Belchior.

Criou também a Colônia do Tabuleiro, no Itajaí-Mirim.

A Lei nº 11, de 05 de maio de 1835, criou os arraiais de “Pocinho” (junto à Foz do atual Rio Arraial) e “Belchior” (próximo ao ribeirão deste nome). Estava criada e regulamentada a colônia que originou o atual município de Gaspar. Seu primeiro diretor foi Agostinho Alves Ramos.

A Lei nº 11 determinava que nos locais citados, seriam medidas e demarcadas quinhentas braças de terras, em quadro, para sede dos arraiais. Esta área era destinada à construção de moradias para os colonos, bem como para logradouros públicos. Além da moradia, os colonos receberiam terras para cultivar. Sendo ele solteiro, obteria duzentas braças de frente com quinhentas de fundos. Se casado, trezentas de frente por quinhentas de fundos. Tendo este mais de três filhos, quatrocentas por quinhentas.



As despesas com demarcação do terreno foram custeadas pela Fazenda Pública para serem ressarcidas pelos proprietários num período de dez anos. Por outro lado, se o proprietário não cultivasse a terra por seis meses, ou se as abandonasse por três anos, após o cultivo, os lotes seriam considerados vagos. Pelo período de dez anos, os colonos estariam isentos de qualquer ônus, assim como não poderiam alienar suas terras.

Agostinho Alves Ramos foi encarregado pelo Presidente da Província de dirigir os trabalhos nas colônias. Com poderes para emitir títulos de propriedade, era diretor das obras públicas, pontes e estradas.


1836


Como diretor das Colônias do Itajaí, o então major Agostinho Alves Ramos oficiou ao governo, pedindo autorização para estabelecer colonos fora das quinhentas braças em quadro, reservadas pela Lei nº 11. A 15 de fevereiro de 1836, o Presidente da Província respondeu-lhe afirmativamente.

Entretanto, a tentativa de Colonização dos Arraiais do Pocinho e Belchior fracassou de início, devido às invasões indígenas.


1837


Em 1837, permaneceram no local apenas dois nacionais e seis estrangeiros, tendo os retirantes abandonado lavouras e outras benfeitorias. Com o estabelecimento de um posto de pedestres (guarda de proteção contra ataques indígenas) em Itajaí, os colonos foram voltando, de maneira que, em 1839, os Arraiais do Belchior e do Pocinho já contavam quarenta e sete famílias brasileiras e dezessete estrangeiras, com 141 indivíduos, aos quais se deram posse de 16.941 braças de terrenos cultivados. Já estavam levantando alguns engenhos de farinha e cana.


1843


Agostinho Alves Ramos passou o cargo de Diretor da Colônia para Antônio Dias de Arzão, o qual, governou até 1843.

João Dias da Silva Mafra foi diretor de 1843 a 1845.


1845


Major Henrique Etur, no período de 1845 a 1852.

É certo que nessa primeira década de colônia, os colonos do Pocinho e Belchior foram incomodados várias vezes pelos índios, fato que determinou a instalação de um destacamento militar de pedestres, em 1843, sob a direção do Major Henrique Etur, que com seus soldados desbravou o Vale abrindo três grandes picadas, sendo uma através do Belchior e Luis Alves até o mar, perto de Penha.

Outra, de Morro Esculda, barra do Ribeirão Fortaleza, através de Itoupava e Putanga até a pedra Grande em Itapocu.

A terceira, do Gaspar até a Boa Vista. O Major Henrique Etur abriu, também, uma escola para os filhos dos colonos.


1851

 Em 1851, os Arraiais de Pocinho e Belchior acolhiam trezentas e sessenta e cinco pessoas, entre nacionais e estrangeiros, sendo seis viúvos, cento e trinta casados, e duzentos e vinte e nove solteiros residentes. Haviam 21 engenhos de farinha de mandioca e dez de cana. Cento e noventa e três vacas e cento e oito bois.

O total de terras concedidas nas duas margens do Itajaí  era de onze mil, seiscentos e quarenta e um hectares (1 hectare = 10.000 m²). As terras eram muito férteis, sendo consideradas uma das melhores da província.


1852


Entre 1852 a 1854, foi a vez de Henrique Benjamin Etur (filho do Major Henrique), comandar a Colônia.


 

Fonte: “Simplesmente Gaspar”, de Leda Maria Baptista.

 


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