ORIGENS da Família Buettner - Revista CARTUM INTERATIVA nº 160 - Livreto do BUETTNER

 Fonte: “Marie Condessa Poninska nos braços deSão Pedro de Alcântara: Padroeiro do Brasil Império e Santo Protetor da sua família”

(Edgar Ricardo von Buettner, bisneto da Condessa Marie, neto de Eduard von Buettner e filho de Edgar von Buettner)

"Brusque os 60 e o 160: Elementos da Nossa História" (Rosemari Glatz)


Após ficar viúva, Marie von Buettner, nascida Condessa Poninska se mudou para Postdam, cidade próxima a Berlim, onde ficava o castelo residencial da família real da Prússia, para junto do seu irmão mais velho, Christoph, que ocupava o cargo de Regierungsrath (Conselheiro de Governo) e, nesta função, Christoph emitiu e assinou o passaporte da sua irmã Marie.


Castelo de Siebeneichen (Sete Carvalhos), onde a Condessa Marie nasceu e viveu a sua juventude.





Marie, seus dois filhos e sua irmã embarcam em Hamburgo, no veleiro de três mastros “Elise”, rumo ao Rio de Janeiro. 

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 A Longa Viagem

A Barca Elisa prepara-se para iniciar uma longa viagem, no dia 2 de agosto de 1858, levando imigrantes europeus de Hamburgo para o Novo Mundo.

Os passaportes já estavam emitidos desde 1850 e precisaram ser atualizados em 1858, antes do embarque. Portanto, na ocasião da mudança para Postdam, a decisão de virem para o Brasil já estava tomada.

Um total de 176 passageiros com os corações transbordando de esperança por oportunidades de vida melhor do que aquelas que o Reino da Galícia e Lodoméria e, até mesmo a Prússia, em meados do século XIX lhes ofereciam. Na cabeça de todos, o “paraíso” que estavam certos que os esperava aqui no Brasil, em princípio de outubro de 1858, no porto do Rio de Janeiro.

Entre eles, havia quatro passageiros a bordo, os únicos em camarotes de primeira classe, o que lhes asseguraria acesso à comida em abundância e, principalmente, à água potável para os cerca de 70 dias da travessia. 



Eram os prussianos:

·         Konstancja Condessa Poninska, brasão Lodzia, 69 anos, a quem a filha e o filho da Condessa Marie chamavam de “Babúnia”, o que significa “avó” em polonês, certamente pela idade avançada para aquela época (tia de Eduard, tia-avó de Edgar);

·         Marie von Buettner, nascida Condessa Poninska, 47 anos (mãe de Eduard, avó de Edgar).

·         Christina Ottilie Apollonia von Buettner, mais conhecida pelo seu apelido Lonny, 16 anos (irmá de Eduard e tia de Edgar).

·         Friedrich Eduard Adolf von Buettner, 13 anos.

    Os jovens Apollonia e Eduard faziam aniversário no mês de setembro (Lonny no dia 17 e Eduard no dia 28), portanto nesta ocasião a comemoração foi em alto mar, fazendo com que ambos embarcassem com uma idade na Alemanha e chegassem com outra idade no Brasil. Lonny chegou com 17 anos e Eduard com 14.



Existe um relato de Oswald von Buettner, que, segundo o pesquisador Edgar Ricardo, possui controvérsias: 

Este relato diz que as irmãs condessas pretendiam comprar uma grande plantação de café no Rio de janeiro e contrataram um carpinteiro e seus seis filhos para comprar em uma loja de ferragens em Hamburgo, o material necessário para construir casas para os trabalhadores da lavoura. 

A irmã mais velha, Konstancja – que havia assistido a várias palestras sobre o Brasil – convenceu a irmã mais nova sobre essa viagem ao exterior. Entretanto, depois que as mercadorias foram liberadas pela alfândega do Rio de Janeiro, sem o menor remorso, esse carpinteiro teria dito a elas: “Minhas excelentíssimas Condessas, o material me pertence porque a fatura está em meu nome!”. As condessas buscaram a ajuda de vários advogados, mas sem sucesso.

O relato de Oswald von Buettner diz que elas tiveram de aceitar o golpe que o carpinteiro aplicou e que, do Rio de Janeiro, foram para Joinville (Colônia Da. Francisca em Santa Catarina). Lá elas abriram uma fábrica de charutos com um certo Barão von Brausewitz. Este pediu a mão de Apollonia; mas; como ela não aceitou o pedido do cavalheiro (bem mais velho), ele deixou Joinville.


Assim, as damas foram forçadas a abandonar o comércio de charutos e mudaram-se para Desterro. Além disso, a necessidade as forçou a vender a prataria, e as peças preciosas de Damasco etc. Elas também concederam a liberdade para a então escrava Maria, mas esta não aceitou, passando a ajudá-las a fazer bolos e doces e, depois, ir vendê-los nas esquinas.

Esse relato também menciona a aprovação da jovem Apollonia, no exame para professora, realizado em Desterro, aos 16 anos (o correto é aos 20 anos – nota de Edgar Ricardo), quando se mudou com a mãe, a tia e o irmão para São Pedro de Alcântara.


Pode-se bem imaginar o que foi a vida das duas nobres senhoras e de Apolônia na acanhada e pobre sede de São Pedro de Alcântara. Acostumadas ao conforto e à riqueza, dificilmente se conformavam com a precariedade dos cômodos que passaram a habitar, nos fundos da casa da escola. Esta era de madeira, mas os demais compartimentos da moradia eram de palmitos barreados.

Era uma segunda-feira ensolarada de outono, naquele dia 22 de abril de 1861. A primeira escola pública para meninas havia sido inaugurada, em singelo ato formal, no sábado anterior e todos os integrantes do nosso heroico quarteto de imigrantes prussianos, que haviam se mudado da capital Desterro para São Pedro de Alcântara no mês de março, estiveram presentes na cerimônia.

A professora interina nomeada pelo Presidente da Província de Santa Catarina, Francisco Carlos de Araújo Brusque, através da resolução provincial de 23 de março de 1861 (SILVA, 1960, p. 206), foi a filha da Condessa Marie, que a partir daquele ato, passou a chamar-se Professora Apollonia – ou Professora Lonny, como todos a chamavam – o que a deixava muito orgulhosa, além do fato de ter sido esse o início de uma brilhante carreira vocacional, como professora do ensino fundamental (ou das “primeiras letras”, como esta primeira etapa do ensino escolar era chamada).

E teve a sua continuidade em Blumenau/SC, a partir de agosto de 1865, através da resolução provincial de 30 de agosto daquele ano. Em 17 de setembro, Lonny completaria 24 anos de idade.



No Relatório apresentado para a “Assembléa Legislativa Provincial de Santa Catharina”,

[...] na Sessão Ordinária do 1º de Março e Falla dirigida à mesma

Assembléa na Sessão Extraordinária de 11 de junho pelo

Presidente Adolpho de Barros Cavalvanti de Albuquerque

Lacerda, no anno de 1866, à pg. 15, registra: “Tendo sido

mandada fechar, por falta de numero legal de alumnas, a escola

publica do sexo feminino de S. Pedro d’Alcantara, removi

a respectiva professora, D. Christina Ottilia Apolonia Von

Buettner, para a escola que creei na colônia Blumenau, onde

um crescido numero de meninas estava exigindo educação”.

 

Quando a Condessa Marie, faleceu, em 06 de julho de 1864, uma quinta-feira, Pe. Bucher registrou o óbito no livro da Igreja de São Pedro de Alcântara, em nome de “Maria Condessa Poninska, viúva de Eduard von Buettner”, como prova da sua amizade e lealdade com a pessoa que Deus lhe confiara.

Em 15 de julho de 1864 – oito dias após a morte da Condessa Marie –, seus filhos Apollonia e Eduard publicam, no jornal “O Despertador” da cidade do Desterro, um obituário na seção “anúncios”, na quarta e última página da edição de nº 157 (ano II):

Não podemos deixar de cumprir um sagrado bem que lastimoso

dever, dando parte a todos os ilustríssimos conhecidos e amigos

de nossa família, de nossa sumamente querida e adorada

mãe, Da. Maria von Buettner, Condessa Poninska, a qual no dia

6 de julho, foi chamada por Deus, para as habitações celestes.

Recomendamos a alma da finada à pia memória e nós, órfãos, à

continuada benevolência.

São Pedro de Alcântara, 12 de julho de 1864.

Apollonia von Buettner Poninska

Eduard von Buettner Poninska.

 

Eduard von Buettner

Eduard estava curtindo a sua paixão: cavalos, os quais o acompanhariam por toda a sua vida. Sempre caprichoso com selas, arreios e demais acessórios para esses nobres animais, Eduard, mais ou menos a partir dos seus 20 anos de idade, foi o exemplo de um ditado popular alemão: “Wie der Herr, so’s Gescherr” – o que no vernáculo pode ser descrito como “os arreios são a cara do dono!”.

O nobre Barão Eduard von Buettner e a destemida plebéia Albertine Burow superaram os limites sociais impostos pela aristocracia falida da Alemanha, no final do século XIX. Relutante, Eduard casou-se com Albertina por seis anos e seis meses, após engravidá-la de Edgar von Buettner. 

Eduard, com uma configuração mental de um puro e perfeito barão feudal, proprietário de muitas terras e serrarias, atafonas, alambiques, casa de farinha, torrefação de café, negociante de cavalos trazidos de Lages, no planalto catarinense, além de ser proprietário de uma das quatro grandes vendas em Brusque (Bauer – Buettner – Krieger – Renaux), não via com bons olhos o empreendimento industrial do seu filho primogênito. Por isso, não foi sócio da empresa de bordados. Lugar que foi ocupado pela sua esposa, muito unida ao seu filho primogênito, que ela deu à luz, em 02 de junho de 1873, em São Pedro de Alcântara, para onde tinha sido levada por aquele que a tinha engravidado, para que ficasse longe dos olhos das meninas de boas famílias da sociedade blumenauense. Justamente ela que foi contratada como dama de companhia (hoje ela seria cuidadora de idosos) para a já quase cega Condessa Konstancja, em Blumenau, provavelmente em 1866, residindo também na primeira escola para Meninas de Blumenau, criada pelo governo em 1865, e dirigida desde o começo pela professora Apollonia von Buettner, localizada no início da rua conhecida na época por Kaiserstrasse (Rua do Imperador) – hoje Alameda Rio Branco, mesmo lugar onde se ergueu o prédio da agência dos Correios e Telégrafos (MOERS, 1962, p. 169). 
Eduard somente se casou com Albertina depois de nascer a sua primeira filha, Konstancia Alice Maria, apelidada “Mimi”, com uma celebração tipo “dois em um”: batismo e casamento. Entre a fecundação de Edgar von Buettner e de Konstancia até o casamento, Eduard necessitou de seis anos para – finalmente – tomar a decisão de se casar com uma “suposta plebeia”. 

Eduardo von Buettner, aquele que em Blumenau atuava como comerciante de cavalos, abriu sua venda de secos e molhados  na sede da Colônia Itajahy-Príncipe Dom Pedro, onde comerciava segundo as regras locais, fornecendo aos colonos fazendas (tecidos), secos e molhados, armarinhos, etc. Com os bons ventos e movimento de imigrantes que chegavam continuamente, a casa comercial prosperou.

Quando estava na casa dos seus vinte anos casara-se com Albertina Burow, de procedência alemã. Desse matrimônio nasceriam várias crianças: Edgar, Maria, Arthur, Oswaldo, Erna e Walli.







Albertina Burow





Com o sucesso alcançado na vida comercial, Eduardo von Buettner passa a atuar nos órgão políticos locais. Na dia 13 de janeiro de 1890 a Câmara de Vereadores reunia-se pela última vez sob o regime monárquico, a República tinha sido instaurada. No dia 14 de janeiro tomou posse a primeira Intedência Municipal, com 5 membros nomeados pelo Governo Estadual de acordo com a Resolução nº 61 de 7 de janeiro: Carlos Renaux, Eduardo von Buettner, Frederico Klappoth, Adriano Schaefer, João Bauer. É a primeira vez que encontramos o nome Buettner participando do poder político local.

Um ano mais tarde, quando da eleição dos integrantes do agora Conselho Municipal, Eduardo von Buettner é um dos eleitos. Nas eleições de 13 de novembro de 1898, novamente Eduardo conquista uma vaga no Conselho Municipal.


Apollonia von Buettner Poninska

 Apollonia estava focada na sua atividade profissional, instruindo as meninas da Colônia de São Pedro de Alcântara, que se haviam matriculado na recém-criada escola pública, em frente à casa habitada pelo nosso Heroico Quarteto.

Graças à sua fluência no francês, a língua padrão para a nobreza europeia, ela aprendeu rapidamente a língua portuguesa nestes pouco mais de dois anos e meio que ela estava vivendo no Brasil. 

 

Em 08 de agosto de 1860, o primeiro Administrador da Colônia Itajahy-Brusque, Barão Maximiliano de Schneeburg escreveu ao Presidente da Província de Santa Catharina, Francisco Carlos de Araújo Brusque a seguinte mensagem:




Francisco Carlos de Araújo Brusque






Illmo. e Exmo. Sr. Presidente da Província de Sta. Catarina: É, sem

dúvida, uma viva urgência cuidar na moralidade e na instrução até

hoje já de 112 menores, de ambos os sexos, dos quais pelo menos ½

ou 2/3 perderiam com a falta de sacerdote e mestres todos os bons

princípios da Sociedade, que tinham principiado a colhêr alguma

instrução nas escolas donde sairam no momento da sua emigração.

Tomo-me a liberdade de propor e recomendar como instrutora completa

para o sexo feminino das menores desta Colônia, uma família

muito respeitável a todos os títulos, que é a Sra. Condessa Maria de

Buettner, viúva de honestíssimo comportamento, e de quem tôdas

as informações, não tendo eu a fortuna de conhecê-la pessoalmente,

são excelentes. É uma família digna de tôda a consideração e de fina

educação, por adversidades da vida sem suficientes nem regulares recursos

de seus próximos parentes além do oceano, talvez sujeita a privações,

que sua modéstia oculta com uma vida tôda retirada. Sei que

ela aceitaria este penoso encargo se em breve tiver a certeza dêste

emprêgo, para quanto antes começar a funcionar; habitam a Capital,

Destêrro, e ninguém melhor do que V. Excia. pode fixar esta feliz aquisição,

proporcionando com isto às filhas dos colonos da Colônia Brusque

uma instrução em tudo e por tudo garantida nas pessoas muito

beneméritas da Sra. Da. de Buettner, sua Mãe e sua Filha.

 

Além de propor a criação de uma escola de Primeiras Letras para meninas, ele recomendava a contratação da Condessa Marie (a qual não conhecia pessoalmente) para preencher a vaga como professora. É interessante destacar o fato de o Barão Maximiliano von Schneeburg considerar a irmã mais velha da Condessa Marie, a Condessa Konstancja, como sua mãe, além de não ter mencionado o filho Eduard. Esses lapsos parecem confirmar a sua informação anterior, no texto: “não tendo eu a fortuna de conhecê-la pessoalmente”.

Mas, para que pudesse ser nomeada professora pública da Colônia Itajahy-Brusque, a Condessa Marie teria de professar a fé católica. Como ela era luterana, Cabral relata que 

“[...] o Govêrno aproveitara os serviços de outra senhora, D. Augusta Knörring e, em 1861, já se achava nomeada esta para a primeira escola pública do sexo feminino que se abriu na Colônia, com os vencimentos mensais de 30 mil réis”

 

O saudoso Ayres Gevaerd (nasceu em 09 de março de 1912; faleceu em 08 de dezembro de 1992) – que tanto fez pela preservação da memória de Brusque, responsável pela criação e organização do Museu e Arquivo Histórico do Vale do Itajaí, carinhosamente chamado de Casa de Brusque – relata, no seu artigo intitulado “Centenário da primeira escola pública” (de Brusque – nota do autor), que: 

“Por circunstâncias que desconhecemos, não foi nomeada professora a Senhora indicada pelo Barão (Condessa Maria de Buettner – nota do autor). A escolha recaiu na senhora Augusta Sofia, esposa de Eduardo Sebastião von Knorring, casal que não se encontra nas relações de imigrantes (da colônia Itajahy-Brusque – nota do autor), o que faz crer que o governo a nomeara atendendo indicação especial não originária da Colônia”.

Esta era a vaga que o Barão von Schneeburg pensava ocupar com a nomeação da Condessa Marie; todavia, como a Sra. von Knorring era de confissão católica, a nomeação desta foi imediata. Em compensação, foi criada a escola para meninas em São Pedro de Alcântara, onde foi nomeada, também de forma interina, a filha da Condessa Marie, Christina Ottilie Apollonia von Buettner.

Após essa retrospectiva, com a qual as Condessas irmãs, Konstancja e Marie concordaram plenamente, Pe. Bucher, em uma atitude de solidariedade com a Condessa Marie, lamentou o fato de ela não ter sido contratada, ao mesmo tempo em que destacou a atitude cooperativa do Presidente da Província, Francisco Carlos de Araújo Brusque, visto que se mostrou sensível à situação da família da Condessa Marie, criando a escola para meninas e nomeou, de forma interina, a jovem Christina Ottilie Apollonia von Buettner (Professora Lonny), para assumir o cargo de “Professora Pública Interina” da escola de Primeiras Letras em São Pedro de Alcântara.

Em 1865, a jovem Apollonia, então com 24 anos a serem completados , em 17 de setembro daquele ano, havia sido contratada por Francisco Carlos de Araújo Brusque, então Presidente da Província de Santa Catarina, ao aceitar o convite do Dr. Hermann Blumenau, a assumir como diretora e primeira professora, da Primeira Escola Pública do sexo feminino em Blumenau.

Já na casa dos 30 anos, Appolonia casou-se com Guilherme Scheeffer. Este era viúvo de Dona Clara Friedenreich, filha de um dos17 primeiros imigrantes fundadores de Blumenau. Guilherme tinha quatro filhos do primeiro casamento, e com Apollonia, não teve nenhum.

Após 33 anos de magistério, requereu aposentadoria. Pouco tempo depois, faleceu o marido e ela transferiu residência para Brusque, indo morar em companhia da família do seu único irmão Eduard.

Christine Ottilie Apollonia von Buettner, faleceu aos 88 anos de idade, em Brusque, no dia 23/02/1929.



 Fonte: “Marie Condessa Poninska nos braços deSão Pedro de Alcântara: Padroeiro do Brasil

Império e Santo Protetor da sua família”

(Edgar Ricardo von Buettner, bisneto da Condessa Marie, neto de Eduard von Buettner e

filho de Edgar von Buettner)

"Brusque os 60 e o 160: Elementos da Nossa História" (Rosemari Glatz)


ALBERTINE BUROW

A história da família Buettner em Brusque, começa quando, em 1873, Friedrich Eduard von Buettner, mudou-se de Blumenau para Brusque. No mesmo ano, a sua futura esposa, Albertine Burow, também se mudou para Brusque, levando consigo o seu primogênito Edgar, filho de Eduard, que nascera em São Pedro de Alcântara, no dia 02 de Junho daquele mesmo ano.

Eduard e Albertine viriam a se casar apenas cinco anos mais tarde, quando celebraram o batismo da primeira filha do casal, Konstance Alice Maria, chamada Mimi, que nascera em Brusque, no dia 19/05/1878, onde também faleceu, em 15/12/1977. Da união de Eduard com Albertine nasceram seis filhos: Edgar, Alice Maria Constância (Mimi), Oswald Clarence, Arthur Waldemar, Erna e Irmgard Wally.

Após a fundação da loja de secos e molhados, a chamada "Venda Buettner", Eduard decidiu ir além da atividade comercial, que aprendera em Blumenau nos anos de 1864 a 1872.

A atividade empresarial de Eduard incluiu também uma torrefação de café, uma casa de farinha, um alambique para produzir álcool, e uma ou mais serrarias. Em Brusque, Eduard desenvolveu uma série de atividades empresariais. Em sociedade com João Bauer, adquiriu um veleiro para o transporte de seus produtos para Santos e Rio de Janeiro. 

Este, com toda a carga, acabou por naufragar em um temporal. Ele também construiu a mansão que ficava ao lado da Loja Buettner, na Rua Barão de Ivinheima (atual Avenida Cônsul Carlos Renaux), em frente à Rua Alberto Torres, a qual faz acesso pelo lado leste à Igreja Luterana. Esse imponente casarão, no estilo de um palazzo italiano, acolhia muitos hóspedes e nele celebravam-se muitos saraus musicais. Apesar de todo o empenho em conservá-la, a mansão dos von Buettner acabou sendo demolida em 1987.

A venda do Buettner aceitava depósitos de poupança e concedia créditos para os colonos. Esta atividade era administrada por Albertine, que também iniciou, junto de sua filha mais velha, Mimi, a produção de aventais, de panos para sombrinhas e de mosquiteiros.

Seguindo a orientação de sua mãe, Edgar viaja para a Alemanha em 1896, para a cidade de Bunzlau, na Silésia, Alemanha (hoje, Polônia), onde vivia a sua tia Selma Buettner Neumann, que o acolheu e onde foi aprender o ofício de bordar com maquinário à manivela e a confecção de sombrinhas. Retornou em 1899, trazendo na bagagem duas máquinas de bordar à manivela, trazidas da Bohemia (hoje, República Tcheca).

Em 1900, Edgar e sua mãe Albertine, na condição de sócia-comanditária, fundam a empresa E.v.Buettner & Cia., precursora da Buettner S/A Ind. e Com.

Albertine, além de excelente e enérgica mãe, dona-de-casa e anfitriã, foi uma das fundadoras do "Frauenverein", grupo de Senhoras Auxiliadoras da Comunidade Luterana de Brusque. Como mulher, vivia nos bastidores, na função de esposa, a dar um eficiente suporte às atividades mais públicas de seu marido, que, além de seus empreendimentos comerciais, tornou-se um dos fundadores da Escola Evangélica Alemã, a qual viria a ser futuramente o Colégio Cônsul Carlos Renaux.

Eduard também participou da fundação do "Turnverein", o Clube de Ginástica de Brusque, a atual Sociedade Esportiva Bandeirante, tendo sido o seu presidente. Eduard faleceu em 29/10/1902, o que forçou Albertine e o seu primogênito Edgar a assumirem as rédeas da família e dos negócios.

Albertine Burow von Buettner foi quem iniciou a primeira confecção em Brusque: talhava pessoalmente aventais que mandava costurar com as costureiras da vila. Com as duas máquinas de bordar, trazidas da Europa por Edgar, e instaladas na estrebaria da família, mãe filho bordavam as peças de filó importado, que cobriam as armações para sombrinhas, também importadas, uma proteção imprescindível das peles claras das mulheres europeias em nosso país tropical.

Em 20 de dezembro de 1920, Edgar casa-se em Porto Alegre, com a gaúcha Idalina Diemer Weiss (nascida nesta cidade, em 20/02/1888 e falecida em Brusque, em 14/01/1935)

A matriarca da família von Buettner em Brusque, Albertine Burow von Buettner, faleceu aos 73 anos, em 12/03/1924.




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