BRUSQUE ONTEM "Brusquenses na FEB" - Revista CARTUM INTERATIVA nº 157


A Segunda Guerra Mundial começa em 1939. Em fevereiro de 1942, navios brasileiros começam a ser atacados por submarinos alemães. O Brasil se mantém neutro no conflito até agosto.

 Após garantir o financiamento dos Estados Unidos para várias obras, Getúlio Vargas, presidente na época, declara guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista. 

Nesse momento, o Brasil era um país onde a maior parte da população era analfabeta e rural, não possuía ainda uma infraestrutura industrial, nem educacional ou medicinal. 

Éramos um país bastante atrasado. Este atraso vai se refletir no esforço para organizar o envio de tropas para o combate. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) vai ser formada somente um ano após a declaração de guerra. 

Os soldados brasileiros chegam ao campo de batalha somente em julho de 1944, momento em que o conflito estava em seu fim. Essa situação é confirmada pelo depoimento de Ervin Riffel, ex-combatente brusquense. 

Ele afirma que foi convocado em janeiro de 1943 para se apresentar em Blumenau, onde realizou inspeções de saúde iniciais, e depois se estabeleceu na cidade vizinha para realizar os treinamentos. 

Após o tempo em Blumenau, o soldado é transferido para Caçapava em São Paulo, e após 3 meses de mais treinamento, ele é destacado para se juntar à Força Expedicionária Brasileira no Rio de Janeiro, e viajar para a Itália em setembro de 1944.



Ao chegar à Itália, a destruição, o frio, as mortes e os horrores da guerra impressionam os recrutas brusquenses, ao ponto de parecer claro para muitos daqueles soldados, que o retorno para casa com vida seria praticamente impossível. 

Riffel conta que participou de dois dos momentos mais importantes dos brasileiros na campanha italiana: a tomada da cidade de Montesse (14 e 17 de abril de 1945), batalha em que a FEB teve o maior número de baixas, 430 ao total, e também da tomada de Monte Castelo (24/11/1944 a 21/02/1945), a qual se tornou um símbolo da participação do exército brasileiro na campanha italiana. Em homenagem aos pracinhas brusquenses, a rua onde estão localizados o colégio Cônsul Carlos Renaux e a Igreja Luterana foi batizada como “Avenida Monte Castelo”..



Um mês após a tomada de Montesse, a guerra na Europa estava acabada. Em 8 de maio ocorre a rendição da Alemanha; porém, a guerra continua no Pacífico, pois o Japão ainda resistia e se rende apenas em 02/09/1945, após o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki.

Felizmente, a primeira impressão não se confirmou para os brusquenses: dos 47 pracinhas que são convocados de Brusque (que na época englobava também as atuais cidades de Vidal Ramos, Presidente Nereu, Botuverá e Guabiruba), felizmente, todos sobreviveram e quatro deles recebem a medalha de sangue por saírem feridos do conflito.

O retorno para casa foi bastante controverso. Os soldados foram desintegrados da FEB na Itália. Os brusquenses voltam em grupos separados para a terra natal, estratégia adotada com todos os combatentes. 

Getúlio Vargas, bem como seus opositores, tinham medo de que os soldados, que lutaram na Europa para derrubar as ditaduras de Mussolini e Hitler, se unissem para também derrubar a ditadura corrente no Brasil, ou de algum modo conturbassem o cenário político nacional. O medo da mobilização dos combatentes tem sentido, pois foi justamente o exército que após o retorno da Guerra do Paraguai inicia um forte movimento republicano contra o governo de Dom Pedro II, que leva à Proclamação da República. 

Os ex-combatentes são praticamente abandonados pelo governo, não recebem qualquer tipo de auxílio médico, psicológico ou financeiro. O presidente Dutra proíbe até mesmo que esses homens possam dar entrevistas e declarações à imprensa. 

A reintegração à sociedade para muitos desses soldados foi bastante difícil, fim injusto para aqueles que colocaram suas vidas em risco para lutar contra o nazifascismo e defender a integridade de seu país.


Pesquisa: Carlos Eduardo Michel.

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