VIDA PREGRESSA - Revista CARTUM INTERATIVA nº 153 - LIVRETO DO CÔNSUL

Trecho do Anuário: "Notícias de Vicente Só", Edição nº 68 (2021) - Casa de Brusque / UNIFEBE



Vida na Europa

Nasceu no dia 11 de março de 1862 em Loerrach, Grão-Ducado de Baden, Alemanha. 

Era filho de Johann Ludwig Renaux e de Christina Sophie Ludin Renaux, etnicamente franceses da região de Damvillers, na Alsácia-Lorena e radicados em Loerrach-Stetten, na Alemanha.

Foi batizado na Igreja Luterana St. Fridolin, em Lörrach-Stetten como Karl Christian Renaux. Tinha três irmãos: Wilhelm (1853), Ludwig (1857) e Oskar Friederich (1865). 

Ainda na sua cidade natal, frequentou a escola Pedagógica Graoducal e o Ginásio de Loerrach, o equivalente ao atual ensino médio.

A partir de 1879, após concluir os estudos, foi aprendiz no Banco Hipotecário de Loerrach (KreishypothekenBank) durante 3 anos e 5 meses. Queria seguir carreira militar, como outros membros da família, mas não foi aceito no serviço militar alemão por ser deficiente auditivo. Frustrado, em setembro de 1882, Carlos Renaux deixou o torrão natal e emigrou para o Brasil. Antes de emigrar, obteve, em 30 de agosto de 1882, uma carta de recomendação escrita por seu gerente no banco, com o seguinte teor:

"O portador deste, Sr. Karl Renaux aqui residente, completou em nosso banco o curso de aprendiz em 3 anos, tendo continuado, por mais 5 meses, como caixeiro ao nosso serviço. Desempenhou-se ao nosso contento de todos os serviços ocorrentes no escritório, tendo exercido, de vez em quando, as funções de caixa, no que demonstrou habilidade e domínio da matéria, lastimando ter ele resolvido abandonar-nos com o fim de aperfeiçoar seus conhecimentos em outra parte. 

Passamos-lhe a presente carta, qualificando-o como moço digno de confiança, inteligente, reto e ativo, merecedor de nossas melhores recomendações (UNIFEBE/Villa Renaux, 2020)."


A chegada de Carlos Renaux ao Brasil

Quando Renaux emigrou para o Brasil, em 1882, aportou no Rio de Janeiro onde procurou trabalho. O Brasil vivia, então, o Segundo Reinado do chamado "Brasil Império" (período de 1822 a 1889), e Dom Pedro II era o Imperador do Brasil (de 1840 a 1889). Cidade aberta ao mundo desde o período colonial, o Rio de Janeiro viu sua dimensão de cosmopolitismo projetar-se com a fixação da corte portuguesa no seu espaço e na sedimentação de sua condição de capital. 

Ao longo do século XIX, durante o período do Brasil Império, fixou residência no Rio de Janeiro um sem-número de diplomatas e negociantes oriundos dos mais diversos países. Capital nacional da cultura e de aspectos mais dinâmicos dela, como a moda, o Rio de Janeiro ambientou-se com as novidades que constantemente chegavam do exterior, tornando-as parte da dinâmica sóciocultural da cidade. Natural, portanto, que Carlos Renaux tenha tentado, inicialmente, estabelecer-se lá.

Embora munido de carta de recomendação a importantes firmas do Rio de Janeiro, Carlos Renaux procurou em vão uma colocação adequada ao chegar ao Brasil. Não tendo conseguido trabalho no Rio de Janeiro, seguiu, por intermédio da Inspetoria da Imigração, no mesmo ano, para Santa Catarina, dirigindo-se para Blumenau, onde encontrou logo o emprego de caixeiro no negócio de Theodor Lüders, em Salto Weissbach (margem direita do Rio Itajaí-Açú). Embora tenha trabalhado pouco tempo para Theodor Lüders, mantiveram relações de amizade e Renaux sempre foi grato ao seu primeiro empregador no Brasil.

Outro comerciante de Salto Wissbach era Luis Altenburg. Em 1883, Renaux deslocou-se para a Vila de Gaspar, onde Luis Altenburg, seu novo empregador e futuro cunhado, e um dos principais comerciantes de Blumenau, tinha uma filial.


Pouco tempo depois, graças à sua rara inteligência e capacidade organizadora, Renaux assumiu, em Brusque, o cargo de gerente da filial de Asseburg & Willerding, atuante no comércio de exportação de produtos coloniais em Itajaí e que originou a primeira empresa regular de transporte entre Itajaí e Blumenau. Um ano depois de assumir como empregado na Asseburg & Willerding, adquiriu a filial que estava gerenciando, sendo, para isso, fundamental o dote recebido por sua mulher. A passagem de empregado a proprietário, portanto, foi facilitada pelo bom casamento realizado com Selma Wagner.


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Trecho do Anuário: "Notícias de Vicente Só", Edição nº 68 (2021) - Casa de Brusque / UNIFEBE

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