O NASCIMENTO DA INDÚSTRIA TÊXTIL - Revista CARTUM INTERATIVA nº 153 - LIVRETO DO CÔNSUL.
ATENÇÃO:
As histórias em quadrinhos contidos no Livreto do Cônsul são meramente ilustrativas não servindo como fonte de pesquisa!!
Um dos estudos mais profundos acerca da história do comércio e da indústria de Brusque foi escrito por Erich Arnold von Buggenhagen, na segunda metade da década de 1940, um ensaio publicado em 1949 pelo Instituto Hans Staden, de São Paulo. Em seu livro, Buggenhaggen abordou a história econômica de Brusque e a obra do Cônsul Carlos Renaux.
ORIGEM E CONSOLIDAÇÃO DA INDÚSTRIA BRUSQUENSE
(retirado do livro "Brusque Cidade Schneeburg", de Saulo Adami.)
A indústria de Brusque, afirma Erich Arnold von Buggenhagen, foi criada em 1892: "Anteriormente, já houvera alguns empreendimentos tendentes para o ramo industrial. Mesmo antes do início da colonização, já havia funcionando na zona de Brusque umas serrarias instaladas por comerciantes de Itajaí, e após 1860 surgiram vários empreendimentos que se ocupavam com o beneficiamento e conservação de produtos, de preferência agrícolas.
Mas todos eles tinham o caráter de improvisações. Funcionavam sem grande capital, simplesmente porque a matéria-prima abundava e exigia um beneficiamento. Paravam quando começava a faltar a matéria-prima que provinha da roça. Não eram indústrias propriamente ditas, cujas produções em larga escala independessem das quantidades limitadas de matéria-prima, de cada vez disponíveis na mesma praça, por tê-las garantidas em outras partes".
Nas últimas duas décadas do século XIX, em torno de 20 ou 30 anos da fundação de Brusque, "é que a economia do lugar havia atingido um grau de adiantamento que permitia a criação de uma indústria."
Embora a população do novo município tivesse crescido bastante, não havia uma mão-de-obra especializada para a criação de indústrias, e os imigrantes já demonstravam certo desinteresse pela continuidade no trabalho da roça. "O fato, porém, de ter surgido uma indústria, e sobretudo uma indústria têxtil, deve-se a um acaso, observa Buggenhagen: "Em 1889, tinham emigrado para o Brasil, vários tecelões da região de Lodz, na Polônia, que era então província da Rússia. O panslavismo, naquele tempo ia em altas ondas; o que era de origem alemã, era olhado de esguelha, no império dos czares. As autoridades russas, por si impotentes contra a minoria alemã que era laboriosa e industrialmente ativa, conceberam o plano de contrapor-lhes os judeus, processo que surtiu o efeito desejado.
Com as manobras comerciais de praxe, recomendada por Aschkenasim, a situação dos alemães da região de Lodz foi piorando de maneira tal, que muitos resolveram emigrar. A pequena turma daqueles emigrantes de Lodz, a qual aportou a Brusque, havendo entre eles os Kreibich, Schloesser, Wiese e Petermann, estava resolvida a exercer, também aí, o ofício de tecelão, porque, por muito tempo, não poderia simpatizar com o trabalho na roça."
Tão logo os tecelões de Lodz manifestaram seu interesse em fundar uma fábrica de tecidos, foram procurados por Carlos Renaux, como conta Buggenhagen: "Era ele então proprietário de uma pequena venda que, financeiramente, ficava atrás das firmas mais importantes de Bauer, Krieger e Buettner; mas um observador atento notaria, já naquela época, que a venda mais modesta estava sendo dirigida por um homem de rara inteligência e capacidade organizadora."
Foi em 1892 que Renaux instalou, "sob sua firma individual", uma pequena fábrica de tecidos, tendo como sócios Paul Hoepcke e August Klappoth. "Um e outro retiraram-se, mais tarde da empresa", conta Buggenhagen: "Na estrada dos Pomeranos, adquiriu um terreno. (...) Não demorou a compra de 30 teares usados e antiquados, na Inglaterra, metrópole da indústria têxtil, sendo os mesmos embarcados em um vapor para serem transportados para o Brasil".
"O Processo histórico de povoamento e colonização de Santa Catarina permite identificar modelo próprio de desenvolvimento para esse estado", analisa a historiadora Maria Luiza Renaux Hering: "Este pode ser reconhecido na história da colonização e posterior industrialização do Vale do Itajaí, onde a atividade econômica, repetindo seus primórdios nas áreas pioneiras de povoamento do estado, teve início com o minifúndio, cultivado por imigrantes europeus.
A indústria catarinense, trouxe a marca da colonização original - no Vale do Itajaí formaram-se pequenas e médias empresas familiares, lideradas por empreendedores de origem alemã. Estes, sem contar com o favorecimento do governo, canalizaram os investimentos de base rural para a formação de empresas industriais e desenvolveram suas fábricas adotando como princípio de gerência empresarial a aplicação de recursos autogerados, representados basicamente pela capitalização de parcelas dos rendimentos familiares."
ORIGEM E CONSOLIDAÇÃO DA INDÚSTRIA BRUSQUENSE
(retirado do livro "Brusque Cidade Schneeburg", de Saulo Adami.)
ATUALMENTE
A Fábrica de Tecidos Carlos Renaux iniciou as atividades em 1892, com oito teares manuais e foi a primeira indústria têxtil de Brusque.
A Renaux tornou-se referência nacional e uma das três fábricas centenárias abertas por imigrantes alemães e poloneses, que formaram o polo têxtil na região e deram à cidade o título de "berço da fiação catarinense".
Após 121 anos de funcionamento, a empresa decretou falência em julho de 2013, deixando marcas na paisagem e no coração dos brusquenses, além de 230 desempregados. Nos galpões escuros, as máquinas paradas tinham tecidos nas bobinas e o chão coberto de fiapos de algodão e restos de tecido.
A crise nas fábricas centenárias de Brusque começou com a abertura comercial no País, nos anos 90. As indústrias sucateadas e mal geridas não conseguiram competir com as importações. Com a produção verticalizada, faltou capital de giro para manter o negócio. O modelo dessas empresas concentrava na fábrica todo o processo produtivo, da compra do algodão à entrega da toalha ou tecido. Isso fez com que o prazo entre o investimento nos insumos e a receita com o produto ficasse mais longo, prejudicando a situação do caixa.
Outro golpe foi a crise do algodão, em 2011, que fez o preço da commodity triplicar em um ano. Na época, as empresas entraram em recuperação e, as que sobreviveram, ainda lutam para sair da situação.
Fonte: https://brusque.portaldacidade.com/noticias/esportes/primeira-industria-textil-de-brusque-volta-a-operar-como-centro-industrial-renaux
Comentários
Postar um comentário