HIDROGRAFIA DE GASPAR


Mapa hidrográfico de Gaspar.

Desde os primeiros anos da colonização das terras onde hoje fica o município de Gaspar, o rio Itajaí-Açu serviu como uma importante via de acesso ao interior, um caminho fluvial, percorrido por pequenas embarcações.

Foi seguindo o rio que os primeiros colonizadores chegaram a essas terras. Saindo da Vila de Itajaí, os colonos subiam o rio em embarcações, buscando boas terras para o cultivo agrícola.
Como em 1835 não haviam estradas que ligassem Gaspar ao litoral, o rio era o caminho mais rápido e seguro. Na parte em que o rio corta o território gasparense, surgiram diversos portos onde os colonos embarcavam quando precisavam ir a Itajaí ou simplesmente enviavam as suas mercadorias.
Em 1856, o caminho pela margem direita do rio até Gaspar estava concluído, faltando apenas a ponte sobre o rio Gaspar Grande. Porém, as condições da estrada representavam uma aventura para os viajantes.
O rio funcionava como uma via de comércio. Os colonos transportavam sua produção até a Vila do Santíssimo 
Sacramento do Itajaí, atual cidade de Itajaí, onde realizavam seus negócios. 
Os colonos exportavam produtos como: madeira, açúcar, cachaça, melaço, rapadura, farinha de mandioca, fumo em folhas, milho, queijos, manteiga, banha, etc. 
E importavam produtos, como: farinha de trigo, carne seca, bebidas, tecidos, artigos de ferro, utensílios para lavoura, óleo, sal, tintas, entre outros produtos industrializados.


"O Porto de Gaspar, sito no início da Rua 17 de Fevereiro, em terreno de Dona Mimi Hoeschl foi, durante muitos anos, um dos pontos mais importantes e movimentados da nossa cidade. Servia à navegação, então existente pelo Rio Itajaí-Açu, entre as cidades de Blumenau, Gaspar e Itajaí. O rio era navegado por várias embarcações que faziam o transporte regular de passageiros e cargas.
O pitoresco vaporzinho, diariamente no porto de D. Mimi\(como era chamada), deixando e levando dezenas de passageiros de todas as classes sociais das cidades do vale. Naqueles velhos e saudosos tempos, o tráfego rodoviário entre as duas cidades era difícil, de maneiro que os viajantes preferiam locomover-se pelo rio. Depois, dado ao constante progresso dos veículos automotores e à melhora das estradas de rodagem, a navegação fluvial pelo rio Itajaí-Açu foi diminuindo até desaparecer."
(Texto adaptado. Fragmento retirado do jornal "Voz de Gaspar", publicado por Maria Zilene Cardoso, em sua tese de mestrado "Gaspar, Século XIX: As Dificuldades Para O Seu Povoamento Inicial e a Desmitificação de uma Dependência, p 116. Florianópolis 1991. AHJFS".


Memórias de Pedro Zimmermann
Estava chovendo há semanas. Chegavam notícias de que nas cabeceiras do rio as chuvas eram intensas. O volume das águas foi aumentando e o rio tornou-se uma furiosa corrente líquida. Uma tragédia! Era meados de outubro de 1911 e a cidade estava inundada. Um dia, ao anoitecer, papai foi verificar o nível das águas. Voltou apressadamente e mandou que todos nós subíssemos ao sótão espaçoso de nossa casa e para lá foram transportados algumas camas e colchões, alguns apetrechos caseiros e alimentos. Mal tínhamos terminado estes afazeres já as águas estavam invadindo o terreno de nossa casa. No dia seguinte, pela manhã, podíamos ver pelas janelas do sótão, que estávamos rodeados de água por todos os lados. 
O que mais nos impressionou naquele dia foi a visão que o rio nos oferecia. Estava agora transformado num grande mar em meio do qual se formou uma perigosa correnteza. Nele vinham rolando casas de madeira inteiras, estábulos, galinheiros e muita madeira. Cadáveres de animais afogados misturavam-se com caixas de mercadorias das casas comerciais de Blumenau. De Itajaí foram enviados dois navios em socorro da população de Blumenau. Ao chegarem a Gaspar, esses navios não conseguiram passar. A correnteza das águas ali era de tamanha força que os navios, quando pretendiam vencê-la, eram jogados de volta, sem obedecer à força de suas máquinas ou a seus lemes. À tarde, naquele dia, após várias tentativas, voltaram a Itajaí.

Memórias de Henrique Pedro Zimmermann - in: MEMÓRIA GASPARENSE, nº 04, abril de 1995. Texto adaptado.

FONTE:  Gallassini, Robson, (1980 – 2012): História Ilustrada de Gaspar/Robson Gallassini. Blumenau: 3 de maio, 2013. 66p. 






 

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