AVENTUREIROS À PROCURA DE OURO
AVENTUREIROS E
EXPLORADORES NO RIO ITAJAÍ-AÇÚ: A PROCURA PELO OURO
As histórias sobre os primeiros povoadores e da procura por
ouro no Vale do Itajaí se confundem e, muitas vezes, uma é fruto da outra.
Documentos antigos registram a presença de aventureiros e exploradores já no
século XVII, quando a população não indígena destas terras mal contava algumas
dezenas.
Devemos lembrar que o Brasil é, nessa época, uma colônia
portuguesa. Assim, os portugueses buscavam por metais preciosos – ouro e prata
– e quaisquer informações ou relatos sobre o assunto eram investigados. A
navegação ocorria com paradas em São Francisco e Nossa Senhora do Desterro, mas
é provável que navios portugueses e até mesmo espanhóis, que nos séculos
passados, navegavam com frequência em direção à Ilha de Nossa Senhora do
Desterro (Florianópolis) e ao Rio da Prata, tenham ancorado à barra do
Itajaí-Açu e ali efetuado buscas por ouro. Mas se o fizeram, não podemos
afirmar, pois escassos são os documentos relatando tais fatos, mas é uma
hipótese provável, já que ambos os países procuravam por metais preciosos e
disputavam o domínio na região sul da América.
Anos mais tarde, em 1728/30, o sargento-mor Francisco de
Souza Faria, enviado pelo governador de São Paulo para abrir pelo sertão a
estrada que devia ligar Araranguá a Curitiba, em sua passagem pela região,
encontrou ouro. Em seu relato apresentado às autoridades, mencionou que nas
imediações do rio Itajaí havia vestígios de faisqueiras e minas de ouro abandonadas.
A busca por ouro na região foi relativamente intensa, incluindo aí a participação de expedições oficiais e de aventureiros que por conta própria buscavam encontrar tais riquezas. Assim como o seu brilho, a pronúncia da palavra ouro chamava a atenção e requeria sempre ares de segredo. O rio Itajaí-Açu passou a ser frequentado com maior frequência e não demorou muito para que muitos se aventurassem rio acima à procura de ouro, embora os relatos apontem para descobertas ocasionais e de pouca monta.
A região do Vale do Itajaí era, nos idos do século XVIII,
coberta pela exuberante Mata Atlântica que abrigava em seu interior incontável
número de espécies de animais e plantas. Percorrer a região era uma atividade
difícil e até mesmo perigosa, pois aí viviam os Xokleng, povo de caçadores
nômades, e os encontros nem sempre eram amistosos. A floresta tornava o avanço
ao interior uma tarefa penosa e também demorada, haja vista a não existência de
estradas e caminhos. Porém, havia uma estrada ampla e relativamente segura que
dava acesso ao interior destas terras: o rio Itajaí-Açu.
Os primeiros povoadores, em busca de ouro e madeira,
utilizaram-se do rio para chegar ao interior, em locais onde hoje se encontram
as cidades de Gaspar e Blumenau, por exemplo. A bordo de pequenas embarcações
como canoas e batelões, efetuaram viagens rio acima em busca de bons locais
para a exploração de madeira e quem sabe, encontrar ouro. O Itajaí-Açu ligava o
litoral ao interior e por suas águas navegaram os pioneiros e desbravadores em
busca de um ancoradouro.
Foi na barra do rio, que um dos mais antigos moradores fixou
residência, ainda no ano de 1658. João Dias de Arzão obteve aí a concessão de
terras. Comunicava que tinha a intenção de explorar ouro nas redondezas, mas os
registros mostram que ficou pouco tempo no local, o que indica que não
encontrou quantidade satisfatória do tão sonhado metal.
Através de um fragmento de documento, publicado por Leda
Maria Baptista, um requerimento datado de abril de 1796, em que a Câmara de São
Francisco do Sul pedia ao Vice-Rei “... atuarem francas as minas do Rio Itajaí,
termo desta freguesia, as quais são uns poucos dias de viagem pelo rio acima,
donde algum tempo se tirou bastante ouro e de boa conta. E tanto o rio grande
como o mais pequeno tem extensão para muito povo morar, donde também produz
abundantes mantimentos, e na sua barra entram sumacas (...)”.
No ano de 1907, o jornal Novidades, de Itajaí, publicou as
memórias de Antônio da Costa Flores, um dos mais antigos moradores daquela
cidade. Esse relato apresenta algumas informações que alcançam o território
onde atualmente está a cidade de Gaspar e por isso faremos uso destas
informações.
As memórias de Flores alcançam os idos dos anos de 1840 e em
determinada parte de seu relato descreve o seguinte cenário:
Dizia o ferreiro Januário, morador em Desterro e pai de meu
mestre, que um governador maneta que lá houve, sentava à sua mesa um rude
mineiro (que ainda têm parentes aqui) que lhe levava garrafinhas cheias de ouro
em pó, extraído de minas existentes em Itajaí; (...) por denominação dada em
tempos remotos temos um Ribeirão de Minas; já ouvi dizer que se encontravam em
território itajaiense grandes vestígios antigos, como escavações, era de
exploração de minas, mas não sei onde; o que parece fora de dúvida é que não
tivemos incursão de exploradores de minas dilatando o povoamento.
As palavras apresentadas por Antônio da Costa Flores lançam
alguma luz sobre a exploração do precioso metal nestas paragens. Faz sentido
quando relata que o ouro encontrado era comercializado na capital, local com
maior população, comércio e onde estavam as mais altas autoridades da
Província, portadores de recursos para compra do produto.
Quando relata o nome do Ribeirão das Minas, cujo nome faz
menção a presença de ouro em seu leito, pode-se pensar que esteja falando do
atual Ribeirão das Minas que está em território Gasparense, pois a memória nem
sempre é precisa, e temos que lembrar que a Freguesia de São Pedro Apóstolo,
atual Gaspar, entre os anos de 1859 a 1880 pertencia ao Município de Itajaí.
Além desse nome temos outros que estão relacionados à exploração do ouro, como
por exemplo: Arraial do Ouro e Minas.
Estes registros mostram que a procura pelo metal contribuiu,
em parte, para a atração e fixação de alguns aventureiros para a região. Muitos
a abandonaram quando ficou claro que não encontrariam quantidade de metal que
valesse o esforço e dificuldades exigidas, outros talvez, passaram a explorar
madeira na região, mas os documentos sobre isso são escassos, sendo, assim,
difícil de fazermos qualquer afirmação sobre esse aspecto.
Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam).
Bibliografia consultada:
LENZI, Rogério
Marcos. Organizador [et al.]. Itajaí, Outras Histórias. Itajaí: Prefeitura
Municipal/ Secretaria de Educação: Fundação Genésio Miranda Lins, 2002. p. 30.
BAPTISTA; Leda
Maria. Simplesmente Gaspar. Blumenau: Editora Nova Letra, 1998. p. 29
Jornal “Novidades” –
Itajaí –1907. Reminiscências (Antônio da Costa Flores). In: Notícias de
‘Vicente-Só’, Brusque ontem e hoje. Brusque: Gráfica Bandeirante/SAB. Ano VIII,
outubro, novembro e dezembro – nº 32.1984.
MATERIAL NÃO PEDAGÓGICO.
APENAS DE ENTRETENIMENTO.
Os quadrinhos são meramente ilustrativos.
Para realizar pesquisas, consulte o ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL, ACESSANDO O LINK ABAIXO:
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