CINCO CONDIÇÕES PARA A LEITURA PROVEITOSA - Vida Offline.
Minha especialidade são as histórias
em quadrinhos, portanto, estas dicas são voltadas para gibis, mas podem também
ser aplicadas a livros, revistas e jornais.
Será
que o público que NÃO LÊ NADA regularmente saberia usufruir de uma revista de
histórias em quadrinhos, livro ou jornal em suas mãos?
Para que esse encontro seja a melhor
experiência possível, formulei cinco dicas básicas que vão ajudar.
DICA N.º 01 - AMBIENTE
Quando o leitor for pegar um gibi na
mão, assim como qualquer outro tipo de leitura, a condição básica é desligar-se
por alguns minutos das suas atividades diárias e focar sua atenção única e
exclusivamente no conteúdo da página que vai ser lida. É interessante um local
confortável, arejado e bem iluminado, no qual o leitor fique à vontade e a
experiência com a leitura seja a melhor possível.
Se estiver sentindo-se agitado, ou
com pensamentos descontrolados, é bom fechar os olhos e respirar profundamente
algumas vezes. Quem sabe meditar por um ou mais minutos. Quanto mais relaxados
estivermos, mais proveitosa será a leitura. Lembrando que “relaxado” não é
estar sujo, despenteado e com a camisa amassada, mas estar livre de
preocupações e pensamentos invasivos.
Quem lê ao mesmo tempo em que pensa
sobre outros assuntos ou fica sujeito à interferência de rádio, TV e outros
agentes sonoros, corre o risco de não captar completamente o que aquele
quadrinho da H.Q. ou aquele parágrafo do texto tinha para lhe oferecer,
tornando, às vezes, a própria leitura uma grande perda de tempo.
DICA N.º 02 - TEMPO
Para ler corretamente, o bem mais
precioso que investimos é o nosso tempo. Se é que vamos ler, então que seja com
calma, sem pressa de terminar logo. A pressa é inimiga da perfeição, portanto,
reserve algum tempo que te for possível somente para a prática da leitura e
mais nada.
Uma revista CARTUM tradicional, por exemplo,
para ser corretamente desfrutada, com tempo disponível para analisar as
imagens, compreender o texto e associar todos os fatos, recomendamos um mínimo
de quinze minutos reservados para isso. Daria tempo até para abrir alguns dos QR
Codes de leitura virtual.
Não precisa ler arrastado por causa
disso. A leitura deve ser fluente, porém, dentro dos nossos limites atuais de
percepção e memorização conciliados. Pode-se estudar métodos para uma leitura
mais dinâmica.
O tempo é necessário para observar
mais atentamente cada detalhe na ilustração e no roteiro. Quem tem pressa de
virar a página acaba não captando algumas informações mais sutis, perdendo boa
parte da graça das histórias e correndo o risco de não compreender
completamente a trama.
Dizem que o “apressado come cru”,
pois eu acrescento que o “apressado lê superficialmente e perde grandes
oportunidades”. Leitura e pressa são palavras que não combinam, assim como
álcool e volante, cão e gato, leite e manga etc.
Para bem poder ler, enfim, é preciso
domar os ponteiros do relógio e não permitir que eles interfiram na fruição do
texto, para que as informações possam ser bem compreendidas e assimiladas.
DICA N.º 03 – ENVOLVIMENTO
O grau de satisfação de um leitor
pela sua experiência literária se mede pelo envolvimento deste leitor com o
texto que está a sua frente. Esse envolvimento pode ser inexistente, se a
pessoa estiver lendo, porém focada em outro atrativo ou pensando outra coisa
durante a leitura.
O
envolvimento também pode ser mínimo, com o foco dividido entre a leitura e um
outro agente sugador da sua atenção. Enfim, existem vários graus de
envolvimento a se listar por aqui, mas o grau de envolvimento também pode vir a
ser pleno, com a atenção inteiramente voltada para o objeto de leitura, de uma
maneira que possa captar tudo o que aquela publicação tinha a lhe oferecer.
Somente quem se envolve plenamente
com a leitura de uma história em quadrinhos consegue perceber alguns sinais
discretos que se apresentam, indicando os detalhes, as sensações e as emoções
presentes em cada cena, as quais impactam profundamente na compreensão da
própria história que está sendo lida.
O leitor precisa mergulhar na trama,
acompanhar atentamente cada sinal que se apresenta, cada personagem que
interfere na história, bem como o enredo em si, com o seu início, meio e fim.
Captar as informações colhidas do papel pelos olhos com tal intensidade que
venha a memorizar a história e poder contar para alguém, algum dia, se for
preciso.
É preciso raciocinar junto com o
autor para entender com perfeição o que está se passando naqueles quadrinhos,
além das razões que motivam cada personagem, e, assim, poder entender o
desfecho da historinha, além de refletir se existe uma mensagem por trás disso
tudo.
DICA N.º 04 – PERCEPÇÃO
Ao fixar os olhos em uma página de
quadrinhos, é importante prestar atenção na mudança das expressões faciais dos
personagens, de acordo com o desenrolar da história. Elas são fundamentais para
a própria compreensão do clima que está fluindo naquela cena, pois denunciam os
sentimentos mais íntimos de cada criatura.
A cada quadrinho, o rosto dos
personagens pode deixar claras as mudanças bruscas de humor... da raiva ao
entusiasmo, da coragem ao pânico, da tristeza à serenidade... enfim, é preciso
analisar as expressões dos personagens para considerar o tipo de sentimento que
os está afetando naquele momento, compreendendo um pouco mais profundamente o
que se passa naquela história em quadrinhos.
Muitas informações podem ser
captadas se desenvolvermos a nossa sensibilidade e prestarmos mais atenção. Um
chapéu voando pode indicar a presença de vento. Uma gota de suor escorrendo
pelo rosto pode sinalizar excesso de calor ou um grande esforço recém
realizado.
Da mesma forma, alguns cenários, veículos ou
objetos podem deixar pistas sobre a época em que a história está ocorrendo.
É preciso ativar o grau máximo de percepção,
pois existem detalhes que escapam à observação dos leitores desatentos ou
apressados.
DICA N.º 05 – BOAS ESCOLHAS
O primeiro passo já foi dado, que é
criar uma consciência de que ler é fundamental para o desenvolvimento de um ser
humano, pois fornece informações que vão se acumulando na nossa memória,
ampliando o nosso mundo individual, nos fazendo refletir sobre a vida em seus
mais variados aspectos e acumulando conhecimentos que podem nos ajudar no futuro.
Mas e agora? Como preencher esse
novo hábito?
Eu poderia deixar aqui algumas dicas
quentes, de livros inesquecíveis que li no decorrer da minha vida, mas prefiro
me calar e deixar essa tarefa com a sua própria intuição, amigo leitor. É ela
quem dirá os caminhos que você deve trilhar, as informações que vão te servir e
os autores que conseguirão te cativar.
O primeiro passo é frequentar
bibliotecas e livrarias. Reserve uma parte do seu orçamento, que o investimento
tem um valioso retorno. Vai ter uma capa colorida (ou não), em alguma
prateleira, que vai te saltar os olhos. Agarre firme.
Permita-se transitar por gêneros
literários variados e aventure-se em temas nunca explorados. Tem muita obra boa
pedindo para ser lida por quem conseguir dominar os ponteiros do seu relógio,
durante uma breve fração de tempo.
Procure pacientemente. Conheça novos
autores, antigos ou atuais, transite pelas possibilidades, valorizando sempre o
seu precioso tempo, o qual está sendo sacrificado impiedosamente, em função desse
hábito. Pesquisa sobre a leitura das pessoas que você admira. Vira e mexe vão
se apresentar algumas obras literárias que farão você questionar por que não
começou a se interessar pela leitura mais cedo.
O importante é dar o primeiro passo:
adquirir um livro e deixá-lo na mesinha de cabeceira para ler um pouquinho
todas as noites, antes de dormir.
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