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Rio Itajaí-Açú, - Revista CARTUM GASPAR nº 05;

 Fontes: https://www.gaspar.sc.gov.br/cms/pagina/ver/codMapaItem/158004

https://www.jornalmetas.com.br/valedasaguas/orio/a-maior-bacia-hidrogr%C3%A1fica-de-sc-1.1849499

Rio Itajaí-Açu

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O Itajaí-Açu inicia no encontro dos rios Itajaí do Sul e Itajaí do Oeste, para depois se juntar ao Itajaí-Mirim há oito quilômetros do mar, passando a ser chamado apenas de Itajaí.

Da rocha de onde brota em três nascentes de água cristalina, descendo em corredeira para se encontrar com outros rios e ribeirões e encorpando-se até formar um gigante, o rio Itajaí-Açu desperta nas pessoas encanto e medo.

Em toda a sua longa e sinuosa caminhada, o rio carrega muitas histórias. Histórias de gente que veio navegando em barco improvisado de muito longe e, há muito tempo, para desbravar e povoar o Vale do Itajaí, numa mistura de povos, hábitos e costumes que influenciaram a formação de uma identidade cultural própria.

História de gente que nasceu à beira do rio, banhou-se em suas águas, constituiu família e de perto do majestoso nunca arredou pé. Gente que viu o Itajaí-Açu se transformar e transformar a paisagem do Vale. Gente que viu o rio ser manchado de tinta, carregar lixo doméstico, engolir suas próprias margens, arrancar árvores, invadir lavouras, ruas, casas, indústrias e comércios. Gente que viu o Itajaí-Açu interromper vidas e sonhos.

Gente que ergueu prósperos empreendimentos às margens do rio ou simplesmente usou das suas águas para fertilizar o solo. Hoje, são cerca de 1 milhão de pessoas (20% da população catarinense) vivendo na maior bacia hidrográfica de Santa Catarina, com 15 mil km². Mas, afinal, qual o limite dessa bacia? A pergunta é oportuna, pois o mundo também discute, com mais ênfase, soluções para a escassez de água, que ocorre em algumas regiões do Planeta e agora no Sudeste do Brasil.

Num pequeno e silencioso paraíso uma parte da bacia hidrográfica do Itajaí-Açu nasce. O único som é o do gotejamento da água que brota de uma parede rochosa escondida pelo mato, formando um poço raso de água limpa. O lugar fica a menos de 10km do centro da Papanduva, no Planalto Norte do Estado, a 358km de Florianópolis, e guarda uma das três nascentes - a mais distante da foz - do Itajaí-Açu.

Por lá, nem sombra da forte correnteza e da água escura do rio que passa por Gaspar – última cidade a captar água do Itajaí-Açu para abastecimento da população. Aliás, no local não existem odores, só o do mato. A água é pura e cristalina, o que faz dela uma atração turística em Papanduva onde existem cascatas, cachoeiras e riachos. Já no local onde está a nascente não se pode afirmar que exista exploração turística, pois trata-se de uma área particular e o seu proprietário nunca pretendeu fazer deste privilégio um meio de ganhar dinheiro.

A nascente é de fácil acesso, pois fica muito próxima da BR-116. O pequeno riacho encontra sua primeira queda d´água alguns quilômetros adiante, também em uma propriedade particular. O Itajaí do Norte, também chamado de Hercílio, em homenagem ao ex-prefeito blumenauense Hercílio Deeke, começa a ganhar força quando se encontra com o Rio Itaputã, ainda dentro do município de Papanduva.

O rio nasce frágil, se torna caudoloso e ganha imponência na medida em que vai serpenteando as cidades, para depois se acalmar e serenamente ser engolido pelo mar numa viagem de mais de 300km até a foz, na cidade de Itajaí.

BACIA DO ITAJAÍ


Uma bacia hidrográfica é todo um território cujas águas são drenadas para rios que irão desembocar em um mar ou em outro rio maior. A área é delimitada por uma linha imaginária chamada de “Divisor de Águas”, que são pontos altos que dividem o escoamento das águas, entre um rio e outro. A Bacia Hidrográfica do Itajaí está em uma área de 15 mil km², correspondente a 16,14% do território catarinense, onde estão assentados 53 municípios de três regiões: Vale do Itajaí, Norte e Grande Florianópolis. É a maior bacia de Santa Catarina e o Rio Itajaí-Açu é de maior curso d’água, com extensão de mais de 300 quilômetros desde suas nascentes até a foz, nos municípios de Itajaí e Navegantes. São cerca de 1 milhão de habitantes vivendo nessas regiões, incluindo duas importantes cidades no contexto econômico - Blumenau e Itajaí. O PIB - Produto Interno Bruto - do Vale é o maior de Santa Catarina, assim como o colégio eleitoral.

A Bacia do Itajaí é formada por sete grande sub-bacias onde são sete grandes rios e seus afluentes. Os principais rios da bacia são: Itajaí-Açu, do Oeste, do Sul, do Norte (Rio Hercílio), Itajaí-Mirim, Benedito e Luís Alves. Já a nascente mais distante da foz é a do Rio Hercílio (Itajaí do Norte), localizada no município de Papanduva, no Norte do Estado. Pelo rio, são 334 quilômetros de distância até a foz.

Principais rios:

- Itajaí-Açu. Nasce em Rio do Sul, no encontro do Itajaí do Sul e Itajaí do Norte. Foz em Itajaí no encontro com Itajaí Mirim.

- Itajaí-Mirim. Nascente mais distante em Vidal Ramos. Foz em Itajaí no encontro com o Itajaí-Açu.

- Itajaí do Norte. Nascente mais distante em Papanduva. Foz no Itajaí-Açu em Ibirama.

- Itajaí do Oeste. Nascente mais distante em Rio do Campo. Foz no encontro com o Itajaí do Sul em Rio do Sul.

- Itajaí do Sul. Nascente mais distante em Alfredo Wagner. Foz no encontro com o Itajaí do Oeste em Rio do Sul.

- Benedito. Nascente mais distante em Doutor Pedrinho. Foz no Itajaí-Açu em Indaial.

- Luís Alves. Nascente mais distante em Luís Alves. Foz no Itajaí-Açu em Ilhota.

 



O vale sempre sofreu com as inúmeras cheias. As de 1880 e de 1911 foram as maiores. Não dá para deixar este tema de fora. Porém, tem pouca coisa escrita sobre. Assim, utilizamos o relato de Henrique Pedro Zimmermann. 

 Relato de Henrique Pedro Zimmermann


Estava chovendo há semanas. Chegavam notícias de que nas cabeceiras do Itajaí-Açu as chuvas eram muito intensas. Havia risco de enchente. O volume das águas foi aumentando, e o que era um agradável rio tornou-se uma furiosa corrente líquida. As casas de morada, os engenhos de açúcar e de farinha de mandioca, numerosos em Gaspar. Uma tragédia!!! Era meados de outubro de 1911 e a cidade estava inundada.

Como sempre acontece na iminência de um acontecimento desagradável os mais desconcertantes boatos também agora surgiam, sempre contraditórios, exagerados uns e por demais insignificantes outros. Não havia rádio nem TV e as notícias eram transmitidas verbalmente ou por meio de alguns poucos jornais, que demoravam dias para chegar às mãos de seus assinantes.

Assim, achava-se que havia muito exagero nas notícias e que a catástrofe de uma inundação não ocorreria. Esta suposição geral foi reforçada quando se verificou que já fazia dois dias as águas estavam subindo lentamente.

Um dia, ao anoitecer, papai foi verificar o nível das águas. Voltou apressadamente e mandou que todos nós subíssemos ao sótão espaçoso de nossa casa e para lá foram transportadas, apressadamente, algumas camas e colchões, alguns apetrechos caseiros e alguns alimentos. Mal tínhamos terminado estes afazeres já as águas estavam invadindo o terreiro de nossa casa. Às aves e os pequenos animais domésticos estavam em grande alvoroço e o gado, ia se retirando para um lugar mais alto. No dia seguinte, pela manhã, podíamos ver pelas janelas do sótão, que estávamos rodeados de água por todos os lados. Papai, com mais alguns homens, embarcaram numas canoas que tinham sido trazidas para perto de casa, na medida em que as águas subiam e trataram de conduzir para as pastagens de meu avô paterno, a dois quilômetros de nossa casa situadas em lugar mais elevado. Onde a água não era ainda muito profunda, o gado podia andar e nalguns outros lugares nadava.

O empecilho maior foi atravessar o ribeirão Gaspar Grande, agora com a corrente invertida, pois as suas águas já não corriam para o Itajaí-Açu, porém, do Itajaí para o interior. Ali, o gado devia ser levado à margem oposta, por uma barcaça, mas foi uma trabalheira enorme fazer os animais subirem na embarcação.

À tarde, as águas alcançaram 1,50 metros no interior de nossa casa. Foi então que papai resolveu retirar-nos de dentro da casa e levar-nos À casa de meu avô que ficava em local mais elevado. Para nós, crianças, essa foi uma das nossas grandes aventuras!! A olaria de meu pai estava só com os telhados de fora. ... Todas as plantações de cana de açúcar, de milho e de mandioca estavam submersas nas águas e se perderem inteiramente.

O que mais nos impressionou naqueles dias foi a visão que o rio nos oferecia. Estava, agora, transformado num grande mar em meio do qual se formou uma perigosa correnteza. Nela vinham rolando casas de madeira inteiras, estábulos e galinheiros e muita madeira. Touças de bambu, arrancadas pela fúria das águas....

Cadáveres de animais afogados misturavam-se com caixas de mercadorias das casas comerciais de Blumenau, cidade que, então, já estava inteiramente submersa.


De Itajaí foram despachados dois navios marítimos que deveriam ir em socorro da população de Blumenau, onde já os naviozinhos fluviais, Blumenau e Progresso, estavam prestando serviços de socorro. Ao chegar a Gaspar, esses navios não conseguiram transpor a curva do rio à margem esquerda. A correnteza das águas ali era de tamanha força, que os navios, quando pretendiam vencê-la, eram jogados de volta, sem obedecer à força de suas máquinas ou a seus lemes. À tarde daquele dia, após várias tentativas, voltaram para Itajaí.

Ficamos oito dias na casa de meu avô. ... quando voltamos para a nossa casa, ainda de canoa, esta nos ofereceu um aspecto desolador. O terreiro ainda estava cheio de água; a casa esteva coberta de grossas camadas de lama. Os móveis não puderam ser retirados, estavam virados e bastante estragados. ... A rua principal de Gaspar, junto ao rio, apresentava crateras profundas e a barranca do rio, em frente à praça da cidade, havia desmoronado, fazendo com que a rua ficasse bem à beira do rio.

 

A história se passa em outubro de 1911. Há semanas que as chuvas não davam uma trégua. Tudo molhado e encharcado.

As águas começaram a subir na madrugada de domingo.

“A enxurrada, traiçoeira e temível, invadiu as ruas, cercou as casas, arrombou portas e janelas tomando conta de seus novos domínios”

Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam).


MATERIAL NÃO PEDAGÓGICO.

APENAS DE ENTRETENIMENTO.

Os quadrinhos são meramente ilustrativos.

Para realizar pesquisas, consulte o ARQUIVO

 HISTÓRICO MUNICIPAL, ACESSANDO O LINK

 ABAIXO:


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