Sport Club Brusquense - Manual do Brusquense

 


A primeira partida de futebol disputada em Santa Catarina ocorreu no dia 7 de setembro de 1913 em frente ao Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque. 

Ali, em meio às comemorações da independência do Brasil, um grupo de rapazes preparou a apresentação do novo esporte para a comunidade. Terminadas as cerimônias oficiais, as corridas de cavalo e as apresentações do Clube Ginástico, os jovens brusquenses abriram espaço entre o público e improvisaram um campo de futebol. Montaram as traves e deram início à partida. Em meio ao corre-corre atrás da bola, a plateia assistia sem entender o objetivo do jogo até que o primeiro gol foi marcado. A comemoração dos jogadores contagiou o público e logo atrairia novos adeptos.

O futebol foi introduzido em Brusque por Arthur Olinger, que havia viajado ao Rio Grande do Sul para fazer um estágio e ampliar seus conhecimentos sobre a produção de couro. Lá conheceu e se apaixonou pelo novo esporte. Terminado o estágio, era hora de voltar a Brusque. Arthur despede-se do clube, mas não do futebol. Em sua bagagem trazia uma bola de couro e, com seu amigo Guilherme Diegoli, apresenta o novo esporte aos brusquenses. Aos poucos, a dupla conseguiu novos adeptos, e não demorou muito para formarem um time, o Sport Club Brusquense, fundado em 14 de setembro de 1913. No ano seguinte, em 22 de agosto, o S.C.B. realizou seu primeiro jogo intermunicipal contra o Tijuquense no bairro Águas Claras. O jogo terminou no 0 x 0.

Em março de 1944, o S.C.B. passou a se chamar Clube Atlético Carlos Renaux, recebendo também o título de “Vovô do Futebol Catarinense”. Entre outras conquistas, o Carlos Renaux foi campeão catarinense nos anos de 1950 e 1953 e vice-campeão nos anos de 1952, 1957 e 1958. 

Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam).



GRANDES CONQUISTAS:

1950: CAMPEÃO CATARINENSE!!


O ano de 1950 ficou marcado para o torcedor do Carlos Renaux por ter acontecido a primeira conquista do Campeonato Catarinense. Com a final disputada em dois jogos contra o Figueirense, o Carlos Renaux ganhou as duas partidas por 1x0, a primeira no dia 27 de maio de 1951 no Estádio Augusto Bauer, em Brusque.

A segunda partida ocorreu no dia 3 de junho de 1951 no Estádio Adolfo Konder, em Florianópolis onde o Renaux voltou a derrotar o Figueirense por 1x0 e conquistou o campeonato estadual de 1950. Carlos Renaux jogou com Mosimann; Afonsinho e Ivo; Tesoura, Bologni e Piloto; Julinho, Otávio, Hélio, Petruski e Tijucano. Julinho foi o autor do gol decisivo.


1953: BI-CAMPEÃO CATARINENSE!!

Em 1953, foi Campeão Catarinense Invicto após bater América de Joinville duas vezes. O título de artilheiro do campeonato ficou para Otávio, com a marca de 15 gols.

Em pé: João Luiz da Rosa (Tesoura), Waldir de Borba (Branco), José Germano Schaefer (Pilolo), Orival Bolognini, Ivo Willrich, Arno Mosimann, (Não identificado), Afonso José dos Santos (Afonsinho) e João Carlos Renaux Bauer (Presidente).
Agachados: Egon Petruscky, Esnel Miralha Lopes, Otávio Bolognini, Aderbal Vicente Schaefer, Darling Mortiz (Tale) e Nilo Cervi (Massagista).

1953 também foi marcante para o torcedor do Vovô. O ano já começou com a primeira partida do Carlos Renaux contra um grande do futebol brasileiro. No dia 13 de janeiro de 1953, durante as festividades de inauguração de sua arquibancada social, o Carlos Renaux convidou o Flamengo para disputar um amistoso. O jogo terminou 3x0 para o Flamengo.

Já o Campeonato Catarinense de 1953 não poderia ter começado melhor, na fase qualificatoria contra o União de Ibirama, os brusquenses aplicaram logo de cara duas goleadas históricas, 9x3 e 7x2. Nas quartas de final outra goleada histórica, 7x1 em cima do Cruzeiro em Joaçaba. O placar foi tão elástico que a equipe do Cruzeiro decidiu não comparecer ao jogo de volta.

Nas semifinais outra goleada, 6x2 sobre o Baependi de Jaraguá do Sul, e com mais 2x0 no jogo de volta a equipe se classificou para a final. A final foi contra o América de Joinville, e após duas vitórias apertadas, 4x3 e 3x2, o Carlos Renaux conquistou o título de forma invicta pela primeira vez em sua história. Com isso eles se tornaram bicampeões catarinenses.

1954: Vitória sobre a Seleção Gaúcha, então campeã brasileira

Outro grande acontecimento ocorreu no dia 22 de janeiro de 1954. A vitória sobre a forte Seleção Gaúcha, então atual campeã brasileira de seleções. 

A própria Federação Catarinense de Futebol reconhece oficialmente que esta partida foi a principal conquista de um time catarinense em todos os tempos, juntamente com a conquista da Copa do Brasil pelo Criciúma, em 1991. 

O Carlos Renaux foi o time convidado pela FCF para ir a Porto Alegre representar Santa Catarina. Toda a imprensa noticiava uma vitória fácil da seleção gaúcha, então campeã nacional, mas o Renaux venceu a partida por 2x1, gols de Julinho Hildebrand e Otávio Bolognimi. Este jogo causou uma imensa repercussão a nível jornalístico em todo país.

 

1958: O maior jogo disputado em SC

Em 1958, aquele que foi considerado o maior jogo já disputado em solo catarinense. Com Garrincha, Nilton Santos, Zagallo, Quarentinha, Gérson "canhotinha de ouro" e outros craques que eram base da seleção brasileira, treinados por João Saldanha, o Botafogo (RJ) veio a Brusque enfrentar o Atlético Renaux. 

Com o Estádio Augusto Bauer completamente lotado, no primeiro tempo o Renaux disparou incríveis 5x1 de vantagem. No segundo tempo, com melhor preparo físico, os cariocas conseguiram empatar. Placar final 5x5. Este é considerado um dos grandes momentos da história do futebol catarinense. 

A delegação carioca, após o jogo, foi recepcionada para um lauto jantar. Neste dia, à noite, haveria a convocação da Seleção Brasileira que viajaria à Suécia para a disputa da Copa do Mundo de 1958. O lateral Nilton Santos prometeu que caso fosse convocado nunca mais esqueceria os amigos feitos em Brusque e até retornaria à cidade em outra ocasião. E foi justamente o que aconteceu. Nilton Santos foi convocado.

 

Década de 1970 e 1980: grandes jogos contra times do RJ

Em 1978, o Carlos Renaux disputaria três amistosos contra três clubes grandes do Rio de Janeiro, Fluminense, Botafogo e Vasco da Gama, times que contam com muita torcida na região. Os jogos tornaram-se um acontecimento inesquecível até hoje lembrado pelos brusquenses. 

A iniciativa do presidente Arno Gracher e posteriormente Leonardo Loos trouxeram à cidade grandes nomes do futebol brasileiro, destacando Roberto Dinamite (Vasco) e Rivelino (Fluminense). As delegações dos clubes cariocas visitaram grandes empresas têxteis de Brusque, dentre as quais Buettner S/A. Em 1982, o Carlos Renaux realizou um amistoso contra a "Seleção do Uruguai" vencendo implacavelmente por 4 a 1 para o 'Vovô. 

O último jogo oficial na primeira divisão catarinense foi disputado em 3 de agosto de 1984, 1x1 contra o Figueirense.









Licença e fusão

Em outubro de 1987 o clube se fundiu com o Clube Esportivo Paysandu para dar origem ao Brusque Futebol Clube. Durante o período que se integrou a esta associação, como também fez o Paysandú, manteve CGC, estatutos em vigor, retirou-se da parte esportiva, emprestando seu estádio para jogos do clube fundado em 1987. O Carlos Renaux sempre existiu durante este período, mantendo seu patrimônio, apenas não tinha representatividade. O mesmo aconteceu com o Paysandú.

Décadas de 1990 e 2000: reativação do clube e fim da fusão

Em agosto de 1996 foi realizado um jogo entre veteranos do Carlos Renaux e Paysandú. Partida realizada no estádio Augusto Bauer, que terminou num empate em 2 a 2. O público de 4.500 pessoas lotou o estádio numa noite festiva para o futebol brusquense. Este jogo foi um dos grandes responsáveis pelo acendimento da chama nos corações de todos os atleticanos e paysanduanos, pelo retorno dos dois tradicionais clubes à ativa. Ao final da partida, o público não deixava o estádio após o apito final (coisa rara no futebol), devido a tamanha emoção. Muitas pessoas choravam na arquibancada ao ouvirem o hino do clube e reverem o tradicional uniforme do Renaux de volta aos gramados.

1997: fim da fusão


Em 1997 era grande o apelo de torcedores para o retorno do Vovô, sonho de Leopoldo Bauer. Neste ano, uma matéria do repórter Toni Nicolas Bado ganhou capa no jornal "Diário Brusquense" sob a manchete "Brusquenses querem a volta do Carlos Renaux!" despertando a partir dalí o coração de torcedores e ex-dirigentes do clube. Dois mil adesivos com o distintivo do clube foram confeccionados e tiveram saída instantânea entre os atleticanos que colavam os mesmos nos seus carros. O próximo passo foi um encontro informal em 18 de março de 1997, na Sociedade Esportiva Bandeirante. Treze pessoas compareceram. Uma semana depois, novo encontro, o número de presentes duplica. Sete dias após, um terceiro encontro e o número triplica. Eis que em 8 de abril, também no Bandeirante, é aprovada a formalização de uma Comissão Provisória para representar o clube e tentar evitar o desejo do Brusque FC em vender o estádio (que já havia ido a leilão) que não pertencia ao mesmo, mas sim ao Carlos Renaux, conforme comprovam as escrituras e demais documentos.

A comissão foi composta por José Carlos Loos, Antônio Abelardo Bado, Aníbal Schulemberg, Toni Nicolas Bado, Abraão Souza e Silva, Augusto Diegolli, Rogério Wippel, Leonardo Loos, Klaus Peter Loos, Nilo Debrassi, Roberto Kormann e Jair Boetnner. Mais de 30 adeptos se integraram a comissão, entre eles, Nildo Teixeira de Mello, o Teixeirinha, maior craque de futebol catarinense.

Após gestões mal sucedidas, acúmulo de dívidas e depredação dos patrimônios (chegando ao ponto de os refletores e cadeiras cativas serem penhoradas para pagamento de dívidas do Brusque FC), ameaças de penhora do estádio, para pagamento de rifas não-entregues e até mesmo um ex-dirigente do Brusque, que tinha a intenção de vender os dois patrimônios para a especulação imobiliária, os dois clubes entraram com pedido de dissolução da "fusão" em 1997. O Brusque FC entrou na justiça, alegando que os patrimônios pertenciam a eles, mas perdeu em todas as instâncias, tendo que devolver os patrimônios aos seus verdadeiros donos. A comissão foi legalizada, registrada em cartório e já realizou em 1997, a confecção de adesivos e camisas oficiais do Vovô, além de desfilar em 4 de agosto, aniversário da cidade, promover grande festa no restaurante da Mini-Fazenda Colcci, homenageaNdo os 84 anos de existência.

Em 3 de fevereiro de 1998, em Assembleia Geral, realizada nas dependências do Centro Esportivo Roland Renaux (Iresa) os novos dirigentes foram eleitos e empossados, reconstituindo definitivamente o clube. Antônio Abelardo Bado (Presidente), José Carlos Loos (Vice), Rogério L Wippel (Diretor Administrativo), Roberto Kormann (Tesoureiro), Aderbal Schaefer (Orador). Comissão de Futebol: Roberto Luis Pereira, Valdir Belz, Anselmo Boos e Arno Mosimann. Comissão Social: Nair Gracher, Célis Muller, Maria do Carmo Muller e Licir Bologmini. Conselho Deliberativo: Leonardo Loos (Presidente), Aníbal Schulemburg (Vice), Klaus Peter Loos (Secretário). Conselheiros: Nildo Teixeira de Mello, Onildo Muller, João Paulo, James Crews, Gilberto Rau, Nélson José Penk, Vinícius José Bado, Augusto César Diegoli, Paulico Coelho, Ivo Barni, Edilberto da Silva, Juliano Belli, Alessandro Simas, Israel Duarte, Márcio Muller, Ivan Evaristo e Rafael Walendowsky. Para ser o presidente de Honra, foi aclamado por unanimidade o ex-craque Teixeirinha

2003: Retorno ao estádio

Em 2003, após vários anos perdidos com a briga judicial, Carlos Renaux e Paysandu puderam reaver legalmente seus patrimônios e iniciar suas reestruturações. O primeiro ato foi pintar totalmente o estádio nas tradicionais cores do clube, azul, vermelha e branco, e colocar a bandeira do Carlos Renaux no alto do topo das torres de refletores. Os estádios voltaram das mãos do Brusque FC totalmente depredados, com até mesmo interruptores de luz e maçanetas das portas desaparecidas. Diversos troféus do Renaux e documentos foram jogados fora, alguns no rio por dirigentes do Brusque FC e desapareceram. Neste ano de 2003, o Renaux voltou ao futebol, disputando o Campeonato Regional da Liga Brusquense, com 12 equipes, e dois clássicos com o Paysandú puderam novamente serem disputados, os quais terminaram em 2x3 e 1x2 para o Paysandú.


2004: Volta ao futebol profissional

No ano seguinte, 2004, o Carlos Renaux passou a alugar o seu estádio para o Brusque FC poder continuar as suas atividades, já que este não possui patrimônio próprio. Retornou às competições oficiais disputando em 2004 o Campeonato Catarinense da Segunda Divisão de Profissionais - Divisão especial (B1). O presidente Jair Vargas, o diretor de futebol Toni Bado e o gerente de futebol Rudney Schulemburg, montaram uma equipe prestigiando jogadores da região de Brusque, como era o plano da diretoria entre os quais destacando-se brusquenses Fabiano Appel (goleiro), Clésio, Graciel, Claudecir (zagueiros), Chimbica e Edgar (atacantes). Obteve o quinto lugar entre os 12 participantes, sagrando-se campeão o Juventus de Jaraguá do Sul. A cidade pode novamente matar a saudade de ver um clássico municipal. Já na primeira rodada da competição a tabela previa o clássico Renaux x Brusque FC. Com 5 mil expectadores lotando o Estádio Augusto Bauer a partida transcorreu muito movimentada. O que era inesperado aconteceu. O Carlos Renaux, mesmo com um plantel mais barato do que o rival, dominou amplamente a partida, para surpresa dos presentes no estádio, teve várias chances reais de gol. A busca pelo gol deu resultado, pois acuado, o Brusque FC acabou cometendo pênalti. Torcedores do Renaux estavam apreensivos com a chance de gritar gol após muitos anos, mas o centroavante do time atirou a bola por cima e perdeu a oportunidade. O jogo terminou com o revés de 1x0.

Em 2005, o Clube não participou do campeonato Catarinense.

Nos certames da Série B do catarinense de 2021 a 2024, o Carrenô apresentou um futebol vistoso e promete um retorno à elite catarinense para breve!!

Siga o Carlos Renaux no Facebook:


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Respostas das PALAVRAS CRUZADAS da Revista CARTUM INTERATIVA nº 179.

CURIOSIDADES SOBRE OS BAIRROS DE BRUSQUE - Manual do Brusquense.