MUNDO DAS VENDAS
O comerciante ou
“vendeiro”, como aparece em várias obras, é apontado com considerável destaque,
ora como agente civilizador ora como elemento fonte de vários
descontentamentos. Para perceber esta tensão, iniciamos por buscar um documento
de 1864, onde um grupo de colonos da Colônia Itajahy-Brusque escreve uma
petição ao Imperador do Brasil, vejamos a parte que nos interessa: “Senhor! Os
abaixo assinados Colonos da Colônia Brusque no Rio Itajaí-Mirim, convencidos da
augusta benevolência de V. Majestade (...) vem pedir, que a vista de que (...)não temos uma
comunicação à Villa d’Itajahy, para receber um preço mais elevado para nossos
produtos e comprar as nossas predições para a metade, de que temos que pagar
nesta Colônia(...) livrando-nos do flagelo de não sermos então mais forçados a
vender os nossos produtos nas mãos dos poucos negociantes estabelecidos na sede
da Colônia(...)” .
Outro
estudo relevante desenvolvido por Erich Arnold von Buggenhagem, que nos revela
que o vendeiro é “a personificação das esperanças do colono e,
indubitavelmente, o facheiro da civilização”, no entanto lembra o autor que “o
colono entrega ao vendeiro boa parte da abundância de produtos agrícolas(...)
mas pode-se dizer que o colono “compra a
ferradura, pagando com o cavalo” (...)” Sua análise prossegue no entanto, por
outro caminho, “representantes do comércio e forçados, como tais, a viverem na solidão. Julgavam os vendeiros terem
direito a lucros extraordinários (...) Além disso, eram eles os representantes
do capital (...) que orientavam as atividades agrícolas, (...) recomendavam as
culturas mais vantajosas, (...) conhecedores das necessidades de sua
freguesia (...)” e por fim ocupavam a difícil tarefa de intermediário ou seja
estabelecer a ligação com os centros produtores.
Cabe lembrar que os colonos moravam distantes da Sede e para
alcançar as vendas, muitas vezes, a distância percorrida era enorme. Seguiam,
no começo, a pé, depois a cavalo ou carroça, dependendo das condições de cada
colono.
Levavam consigo suas mercadorias que eram trocadas por
produtos de que necessitavam não se fazia uso de dinheiro. Os vendeiros
realizavam o comércio com Itajaí e Desterro, levando os produtos da colônia e
trazendo os bens básicos para os colonos, tudo isso com um ganho bastante
elevado. O transporte era realizado pelo Rio em canoas e depois lanchas a
motor.
Os vendeiros funcionavam como uma espécie de banco guardando
os dinheiros dos colonos, mas era o colono quem pagava juros ao vendeiro por
esse ter guardado o dinheiro. Os colonos só recebiam dinheiro quando forneciam
banha de porco e fumo, produtos de grande valor. Esse valor pago pelo vendeiro
retornava para suas mãos para ser guardado.
Fonte: Relatórios e outros documentos. 02 de
dezembro de 1864 – petição. Original arquivados no Museu e Arquivo Histórico do
Vale do Itajaí-Mirim.
BUGGENHAGEM, Erich Arnold von. A história
econômica do município de Brusque e a obra do Cônsul Carlos Renaux. São Paulo:
Ed. Instituto Hans Staden, 1941, p.
Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam).
MATERIAL NÃO PEDAGÓGICO.
APENAS DE ENTRETENIMENTO.
Os quadrinhos são meramente ilustrativos.
Para realizar pesquisas, consulte o ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL, ACESSANDO O LINK ABAIXO:
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