HISTÓRIA REGIONAL - Hermann Bruno Otto Blumenau - Revista CARTUM INTERATIVA nº 175.
Hermann Bruno Otto Blumenau (26/12/1819 Hasselfelde (Alemanha) – 30/10/1899 Braunschweig (Alemanha), o sétimo filho de Cristiane Sofie Kegel e Karl Friedrich Blumenau, foi um filósofo, químico e farmacêutico alemão. Foi o fundador e primeiro administrador de Blumenau.
Ingressou na escola primária de Hasselfelde aos 6 anos de idade, e em 1829 passa a residir no internato luterano de Schöppenstedt, onde adoece aos 12 anos, resultando como sequela, surdez parcial.
Em 1832 acha-se na capital do ducado de Brunswick para frequentar o ginásio. Atinge a segunda classe superior de estudos, e é forçado pelo pai a abandonar o curso em outubro de 1836. Seu pai queria que se empregasse em uma farmácia, o que conseguiu em Blankenburg, quando tinha 17 anos. Depois de um ano, trabalha em outra farmácia, na cidade de Erfurt — neste local, em abril de 1841, termina seu aprendizado, que havia iniciado em outubro de 1837.
Outras estadas profissionais incluem farmácias em Hasselfelde e Bad Salzuflen. Em janeiro de 1842 regressa a Erfurt, convidado por um industrial local para trabalhar em sua fábrica de compostos químicos. Posteriormente, Blumenau, diretor nesta empresa, passa a frequentar a residência do empregador, onde conhece Alexander von Humboldt e Johann Müller.
Esta influência junto à família proprietária lhe proporciona uma viagem de turismo de negócios para Londres, em 1844, com o objetivo de conseguir patentes para preparados e o subsequente privilégio de comércio dos mesmos.
Na ocasião, conhece João Sturtz, cônsul geral do Brasil na Prússia, que o introduz aos assuntos brasileiros e propagandeia o país americano como uma destinação para emigrantes alemães. De volta a Erfurt, se demite de seu posto e então efetua matrícula na universidade de Erlangen. Entre 1845 e 1846 se relaciona com a Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães, que ulteriormente o convida a visitar o Brasil. No ensejo, o cônsul Sturtz estimula-o oferecendo-lhe emprego no Brasil; Blumenau poderia escolher entre a função de professor na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro ou a de químico em um laboratório que ainda seria estabelecido no Rio de Janeiro.
Apesar de não ter concluído o curso ginasial, se gradua doutor em filosofia em 23 de março de 1846, após exame oral (Rigorosum) e defesa da tese "Die Alkaloide und die ihnen stammverwandten Salzbasen in ihren Gesamtverhältnissen und Beziehungen". O Ph.D. Blumenau desloca-se a Hamburgo, sede da Sociedade de Proteção, para firmar contrato de representação. Esta instituição o envia ao Brasil, para que Blumenau obtenha do governo brasileiro o reconhecimento diplomático da Sociedade de Proteção, e também vistorie as províncias do Paraná, Santa Catarina e São Pedro do Rio Grande do Sul, especialmente esta última, que desde 1824 recebia colonos germânicos. Embarca no veleiro Johannes, que zarpa de Hamburgo em abril de 1846, atracando em São Pedro do Rio Grande do Sul a 19 de junho do mesmo ano. Blumenau realiza pequena incursão no interior da província, pesquisando a viabilidade dos estabelecimentos coloniais, e então parte para o Rio de Janeiro, onde apresenta cartas de recomendação assinadas por Sturtz, von Humboldt e Carl Friedrich Philipp von Martius.
Em Blumenau os italianos começaram a chegar 25 anos depois dos alemães e eram, em sua maioria, do Tirol do Sul, região de transição entre a Itália e os Estados de língua alemã. Portanto, as rixas, que já existiam entre esses dois povos há vários séculos na Europa, foram transportadas para o Brasil. Embora o fundador da cidade, o dr. Hermann Blumenau, pretendesse uma colônia formada apenas por alemães, na década de 1870, cada vez menos imigrantes chegavam da Alemanha, o que acarretou em falta de trabalhadores. Assim, mesmo a contragosto, o dr. Blumenau decidiu atrair italianos para a sua colônia. Os atritos logo apareceram, pois os italianos eram quase todos católicos, enquanto muitos dos alemães de Blumenau eram luteranos. Além do mais, os italianos foram assentados em lotes periféricos e montanhosos, enquanto os alemães ocupavam as melhores terras.
Em uma correspondência, o dr. Blumenau chamava os italianos de "incorrigíveis vagabundos", enquanto em outra, para o presidente da província, escreveu: "são especialmente a malfadada imigração tyrolez e italiana, suas constantes travessuras, impertinentes e exageradas exigências, ameaças e até delitos e crimes, que não nos deixam, e especialmente a mim, descanso de espírito". O modo como os italianos incorporavam o trabalho na vida cotidiana era muito diferente do modo alemão, o que fazia com que eles fossem tachados de vagabundos e preguiçosos ou mesmo bêbados, já que o hábito de tomar vinho foi substituído pela cachaça. Assim, os alemães culpavam os italianos pelo atraso de todas as obras públicas da colônia. Italianos que foram morar nas regiões sulinas ocupadas por imigrantes alemães vivenciaram um choque cultural.
Estátua de Hermann Blumenau em frente ao Mausoléu Doutor Blumenau, na cidade de Blumenau
Em 1880 seriam já 15 000 habitantes no município, na maioria de origem alemã.
Regresso à Alemanha
Em 1884, o Dr Blumenau retorna à Alemanha, sem levar grandes posses. Viveu em Braunschweig, no atual estado alemão da Baixa Saxônia, com a mulher com quem casara em 1867, e os seus três filhos, que estudaram na Alemanha. Morreu nesta cidade, em 30 de outubro de 1899.
Seus restos mortais, bem como os de sua esposa, foram transladados para Blumenau, onde repousam em mausoléu.
Legado
A cidade que fundou e que leva o seu sobrenome tem cerca de 350.000 habitantes, conforme estimativa do IBGE em 2018. É uma cidade que possui alto IDH, dentre os mais elevados do Brasil, e com presença de indústria têxtil e eletroeletrônica. A cultura germânica subsiste em escolas com ensino de língua alemã, igrejas católicas e luteranas e festividades inspiradas nas tradições da Alemanha, como a Oktoberfest de Blumenau.
Suas duas filhas, Gertrud e Christine, que retornaram à Alemanha consigo, visitaram Blumenau em 1937, a convite da prefeitura municipal. Em 1950, ano do centenário de Blumenau, Gertrud realizou nova visita, desta vez acompanhada de sua filha (e neta do fundador), Gerda.
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