Vou compartilhar como foi a pré-história das Revistas CARTUM, com os amigos e amigas leitores que se interessaram em saber um pouquinho mais a respeito.
Infância
Minha relação com a leitura e as histórias em quadrinhos começou aos 3 anos de idade, quando minha mãe, a Dona Yêda, lia gibis da turma da Mônica, Walt Disney e outros títulos para me fazer dormir. Foi assim que me alfabetizei.
Naquele tempo, haviam as revistas que eram as minhas preferidas e eu pedia para que ela lesse repetidas vezes. Acabei decorando algumas falas dos diálogos contidos nestas revistas e, quando ela ia ler outra vez a mesma história, eu já havia memorizado o texto. Então eu ouvia a voz da minha mãe pronunciando as palavras (que eu já sabia de cor e salteado), enquanto observava a sequência de letras nos balões de diálogo. Assim pude compreender os fonemas e a pronúncia das sílabas. Isso fez com que eu aprendesse a ler precocemente.
Um dos clássicos desta época com certeza foi o livro de 50 Anos de Walt Disney, que me deixava fascinado em ver o autor conversando com seus personagens e as histórias eram ótimas.
Antes de entrar no jardim de infância eu já conseguia ler e pronunciar as palavras, impulsionado pelo entusiasmo dos familiares.
Logo em seguida, também já estava escrevendo palavras simples, intuitivamente, depois de ter treinado bem a leitura por algum tempo.
Além de ler e escrever, passei a desenhar também. Foi um período da minha vida em que residi em apartamento e ficava muitas horas enfurnado no meu quarto inventando histórias em quadrinhos. E o pior é que eu gostava muito de fazer isso. Os desenhos eram infantis e toscos como os da maioria das crianças desta idade, porém eu sempre visualizava um patamar acima na qualidade dos desenhos e praticava muito até atingir este nível.
Depois que assisti o filme do E T no cinema, passei a desenhar bastante o tal alienígena, e meu pai percebeu que estava ficando caprichado. Pra me incentivar, ele começou a levar os desenhos (naquele tempo ainda não tinha e-mail) na redação do jornal Gazeta do Povo, que tinha um suplemento infantil em todos os sábados, chamado "Gazetinha", onde havia um setor com desenhos dos leitores, e lá estava o meu desenho, com o meu nome escrito logo embaixo. Eu ficava todo faceiro.
Minha mãe me incentivou a ler quadrinhos e meu pai, o Sr. Aldo nunca deixou faltar material de desenho. Era só pedir que ele logo trazia aquele embrulho mágico, que era meu presente favorito: uma resma com 100 folhas de papel sulfite “Chamequinho” e duas canetas “Ultrafine”, da Paper-Mate. Aquilo me bastava para produzir pelo menos mais umas dez edições. Comecei a desenhar quadrinhos autorais aos 4 anos de idade e tenho guardado até hoje vasto material desenhado entre os meus 9 e 14 anos, transparecendo uma sutil, porém, nítida evolução de um ano para o outro.
Foram dezenas de personagens. O que mais durou foi a Turma do Chineca (inspirado em um pão que a Dona Yêda fazia), que resultou em 40 gibis ao longo de 6 anos (de 1985 a 1990).
Minha paixão sempre foram os gibis. Eu entrava em uma banca de revistas como um urso enfia a cabeça num favo de mel e me lambuzava. Eu sempre sabia o dia em que chegavam os lançamentos que eu acompanhava na “Banca Jardim” e adquiria revistinhas no limite que a nossa capacidade financeira permitia.
Cheguei a ter uma coleção com cerca de 1200 revistas em quadrinhos, das quais me desfiz na mudança que fiz de Curitiba para Brusque, em 1986, assim que completei 12 anos. Vendi uma parte num sebo, pra comprar cartuchos de Atari e guardei só o essencial. Mas me arrependi amargamente quando descobri que jogos eletrônicos são entretenimento passageiro e leitura é pra vida toda. Na sequência, iniciei uma nova coleção que chegou a ter uns 800 gibis, mas sempre com saudades daqueles dos anos 1980, que me marcaram profundamente.
Aos 15 anos, comecei a trabalhar em horario integral e estudar a noite (sim, naquele tempo se trabalhava com essa idade). Devido a isso, interrompi a produção dos gibis que eu costumava fazer na infância. Mas nos lugares por onde passei, sempre deixei um rastro de charges e caricaturas.
Na adolescência lia os quadrinhos dos brasileiros Angeli, Glauco Villas Boas e Laerte e dos franceses Frank Margerin e Janu, além da sempre hilária Revista Mad. Neste período fazia quadrinhos nos ambientes onde eu vivia, utilizando como tema situações ocorridas com os colegas escolares e do trabalho.
De 1996 a 1999, trabalhei na administração do Stop Shop, o Ninho da Malha, um importante centro comercial do vestuário brusquense. Minha aptidão artística foi detectada pelo meu superior, Sr Vilson. E ele conseguiu encaixar meu trabalho no jornalzinho "Notícias do Ninho", que circulava internamente, entre logistas, funcionários e guias de compras.
Todas as semanas era publicada uma nova edição, com uma charge envolvendo a equipe de funcionários do shopping e uma tirinha do personagem "Alaor, o Lojista". Divertindo a todos e aumentando um pouco meus rendimentos durante quase dois anos. Foi meu primeiro trabalho remunerado.
Dentro do Stop Shop, ainda conheci o pessoal do primeiro provedor de internet brusquense, o BILUNET. Os sócios Fabiano Sabino e Sérgio de Pinho publicaram tiras semanais do personagem "Esponja, o Alcoólatra", entre outros quadrinhos, ainda no final dos anos 90. Foi a minha primeira divulgação virtual.
Estas duas oportunidades bastaram para tornar a produção artística mais constante em minha vida.
Início da Revista CARTUM
Foi com a chegada do meu filho Igor que decidi dar início ao antigo projeto de uma publicação em quadrinhos, com patrocinadores nas bordas das páginas e distribuição gratuita das revistas.
Durante a sua gestação, desenhei incansavelmente até definir a galeria de personagens precursores da revista, os quais iriam protagonizar as primeiras histórias. Desenhei as primeiras edições nas madrugadas, pois trabalhava durante o dia e vendia as publicidades utilizando minhas férias vencidas. Pude realizar as 3 primeiras edições dessa maneira.
Para a quarta edição eu já não dispunha de férias para utilizar e tive que sair da empresa para seguir com a revista, que ainda era trimestral. Na sequencia passei a trabalhar de garçon a noite, para poder tocar a revista durante o dia. Foi assim na quarta e quinta edições.
Foi aí que recebi a visita do Rubens Aviz, então presidente do CEAB (Clube de Engenheiros e Arquitetos de Brusque), o qual idealizou o que viria a ser a primeira Cartilha CARTUM, transmitindo uma informação técnica em linguagem simples, através das histórias em quadrinhos, abordando um conjunto de leis públicas intitulado "Estatuto da Cidade".
Foi aí que abracei totalmente a causa literária e começamos a ampliar as publicações. Então dali pra frente foram publicadas anualmente 4 revistas cartum e mais 4 cartilhas cartum, abordando novos temas de relevância social. Foi então que me desvinculei dos empregos simultâneos e passei a me dedicar integralmente à arte.
Aos 48 anos, somando 22 deles na produção literária.
Em breve publicaremos uma nova história relembrando GRANDES e divertidos MOMENTOS que valem a pena ser registrados e compartilhados, na existência da Revista CARTUM INTERATIVA.
Aguarde!
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