O Dragão Voador de Guabiruba - Revista CARTUM GASPAR nº 08.
Das montanhas do bairro Lageado Alto surgiu uma das lendas do
município de Guabiruba, passada de geração em geração: o Dragão Voador! O primeiro registro de uma aparição
sua ocorreu em 1982, seguido de outras narrativas de avistamento.
Há quem conte já tê-lo visto, enquanto a maioria prefere contar aquilo que ouviram falar.
O RELATO DE DONA LAURA
O primeiro avistador foi o agricultor Pedro Smaniotto, que morava no Lageado Alto. Pedro já é falecido, mas sua viúva, Laura Smaniotto, que hoje mora no Bairro Dom Joaquim, em Brusque, lembra muito bem da primeira e única vez que seu marido viu o exótico animal. Dona Laura conta que naquela manhã de 1982, Pedro voltou assustado do lugar onde ele havia ido buscar "trato" (folhas de caeté) para os animais. "Eu estava em casa, quando ele chegou assustado e com os joelhos sujos. Estranhei, porque ele estava apenas com um maço pequeno de caetés, o facão e sem os bois. Na mesma hora, ele disse: 'Eu preciso que você volte comigo. Mas você não vai acreditar no que eu vi'," diz.
Charge feita pelo cartunista brusquense Paulo Stocker, em 1990.
Amedrontada, ouviu atenta a história de Pedro: "Ele disse que escutou pessoas conversando muito alto, vozes. Aí ele disse para essas vozes: 'Podem vir que eu não tenho medo. Estou com o facão e vocês querem me botar medo'. Na mesma hora passou um pássaro marrom, de asas abertas, por cima da cabeça dele! Um bicho bem feio!"
Segundo ela, apesar do susto e do medo, Pedro continuou cortando o caeté, até que viu o bicho mais perto ainda. "Ele foi cortando o caeté, quando olhou para cima e num galho tinha o bicho marrom com uma língua de fogo grande, que quase bateu na cabeça dele. Quando ele viu aquilo, caiu duro de joelhos e não podia mais se mexer".
Depois de algumas tentativas, Pedro conseguiu ficar de pé e correu durante meia hora até chegar em casa, deixando para trás: as ferramentas, o boi e a carroça onde carregava os caetés. Quando chegou em casa, o agricultor estava cego de medo, deixando sua esposa Laura assustada. "Eu não queria contar nada pra ela, mas não aguentei", disse Pedro.
Ao ouvir a história, ela acreditou no marido mas ficou com medo de ir junto. "Eu disse: 'Pai, eu tenho medo. Vai que eu vejo também? Mas, como eu sempre tive muita fé, peguei um galho de ramo bento, coloauei sobre meu peito, por dentro da roupa e, com meu rosário na mão, fui com ele até o local."
Chegando lá, Laura viu o desespero do marido e viu o lugar onde ele ficou ajoelhado. "Eu disse: 'Olha, pai, vamos acabar de cortar o pasto, eu te ajudo.' Mas ele não quis nem saber e me disse: 'Não, Laura. Vamos pra casa com o boi, assim como estamos.'
"Tive a impressão de que eram caçadores vindos de Blumenau, pela mata", explicou o agricultor, que só de lembrar daquele dia já sente dores no estômago.
NA MANHÃ SEGUINTE...
No outro dia, um tio disse que o vulto que ele viu poderia ser um "mono" (macaco), mas Pedro discordou: "Eu volto lá com vocês, mas tenho certeza que não são monos." O tio pegou uma espingarda e disse: "Vamos até lá, matar esse bicho." Mais uma vez, apavorado, o agricultor foi até o local onde ouviu as vozes e os gritos.
Ele foi até próximo à grota, mas começou a ouvir vozes e, contagiando a todos com seu medo, não continuou em busca da criatura voadora. Ninguém teve coragem de descer na grota (tipo de baixada, onde acreditavam estar o dragão escondido. A caçada terminava ali. Depois desse dia, o Sr Pedro jamais voltou nesse lugar.
Depois da aparição, o local virou roça de fumo. O dragão nunca mais apareceu, pelo menos para o seu Pedro. Durante um ano, Pedro não saiu de casa à noite. Ele, que antes tinha pouca fé, rezou por um ano inteiro o terço e passou a andar com o rosário no bolso. "Foi assim que ele me contou e isso que eu me lembro. Não sei o que pode ter sido, mas eu acredito que foi um sinal de Deus", diz Dona Laura. Essa história foi contada pelo próprio Pedro ao Jornal "O Município", no dia 17 de agosto de 1990. Pedro relembrou os momentos de terror vividos no meio da mata e descreveu o bicho como: "grande, com língua vermelha de fogo e escamado".
Interior de mina de ouro abandonada em Lageado Alto no município de Guabiruba, seria a casa do dragão?
NOVA TESTEMUNHA DO DRAGÃO
Arlindo Lana, outro morador do Lageado, também teria visto o Dragão Voador, em 1990. As características apuradas na época, em matéria de jornal, são idênticas.
Ponto comum nos dois casos: Lageado Alto, à tarde. Arlindo e Pedro não se conheciam e Arlindo nunca ouvira falar sobre a história de Pedro, ocorrida oito anos antes.
Existe muita polêmica sobre este assunto e os moradores do Lageado não gostam de falar sobre isto. O que se sabe é que muitas pessoas criaram novas versões para manter viva a lenda.
Fachada da Fundação Cultural de Guabiruba, com o Dragão representado pelo grafite inconfundível de Nenen Jah Bless.
QUEDA DO AVIÃO
Uma das histórias que circulam na cidade, é que o dragão teria sido o responsável por um acidente aéreo ocorrido em Guabiruba, em 1995. O animal teria destruído um avião Cessna-Caravan, da TAM, que sobrevoava a região do Aymoré. O acidente resultou no falecimento de duas pessoas. Contam na cidade, que as conversas da Caixa Preta foram escondidas para evitar o pânico na região. Até hoje ninguém sabe ao certo se isso realmente aconteceu.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) descartou a hipótese de falha mecânica. De acordo com as investigações, ao sair do aeroporto de Navegantes para a troca de avião em Blumenau, a aeronave não tomou a direção correta para Ilhota e, provavelmente devido às condições climáticas, desviou a rota para a região de Brusque.
No relatório, o Cenipa observa que ambos os pilotos tinham pouca experiência de voo nesta região. O comandante possuía experiência na região Sudoeste, e o copiloto na região Norte do país. O Cenipa também apurou que ambos os tripulantes eram recém-contratados da empresa e por diversas vezes ultrapassaram os tempos limites de jornada e horas de voo.
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