Carlos Boss - Revista CARTUM GASPAR nº 08.

 

 Carlos Boos (1905-1977) foi um homem de personalidade cativante. Conhecia e era conhecido de todos os moradores de Guabiruba, político de um tempo em que vereadores e prefeitos conviviam no dia a dia com a população, e muitas vezes supriam a necessidade de serviços básicos. Incontáveis vezes Carlos Boos utilizou seu Ford A 1929 para transportar doentes e pacientes da Guabiruba até Brusque. 

Além disto estava presente em todos os eventos da cidade sempre rodeado de amigos e convivas. Falava e escrevia em alemão, aprendeu a língua portuguesa mas não deixou as marcas do idioma germânico desaparecerem: era dono de um forte sotaque e mesmo assim, exímio orador.

Seu nascimento aconteceu em 31/12/1905 na localidade de Guabiruba Norte Alta, hoje Aymoré. Em 1919 entrou para o Ginásio Santo Antônio em Blumenau, cidade onde também formou-se em 1924 para atuar como professor e guarda-livros (contador). De volta a Guabiruba, no ano de 1925 passa a lecionar na educação básica, atividade que exerce por  18 anos, sua dedicação é tanta que ele doa um terreno para a construção do novo prédio da escola em que trabalhava. 

Além de lecionar na escola que tinha até terceira série do primário ele foi catequista até 1960. Em 1946 é eleito vereador para representar a localidade de Guabiruba em Brusque. Foi reeleito em 1950, 1954, 1958 e 1962, atuando no poder legislativo brusquense por 16 anos. No ano do centenário de Brusque, 1960, ele assumiu a presidência da câmara dos vereadores mas também sofreu a única derrota nas urnas em sua vida: candidatou-se a prefeito de Brusque e não conseguiu o número suficiente de votos para se eleger.



 Em 1962 Boos consegue realizar a aprovação daquele que foi seu maior projeto na política: a criação dos municípios de Guabiruba e Botuverá. A votação foi apertada 6 votos favoráveis e 5 contrários, mas mesmo com a vitória "suada" a decisão dos vereadores brusquenses foi aprovada pelo legislativo catarinense e os novos municípios foram criados. Para os críticos Botuverá e Guabiruba não teriam força econômica para se manterem independentes de Brusque, mas Boos, defensor que era do povo guabirubense, e crente na capacidade de Botuverá, aposta na ideia. 

Dois anos após ser derrotado nas eleições em Brusque, Boos se lança a candidato a prefeito de Guabiruba e vence o pleito em sua terra Natal. Sua administração foi repleta de realizações, ficaram marcadas, por exemplo: a primeira ponte de concreto, implantou a eletrificação das comunidades de Guabiruba Norte Alta, rua são Pedro, Guabiruba Sul, Lageado e outras, abertura e melhoria de estradas, construção e ampliação de unidades escolares e aquisição de máquinas e equipamentos.

Devido a outras atividades econômicas que desenvolvia, nunca retirou o seu salário como vereador ou prefeito.

Além de sua atuação na política e educação ele também teve participação em alguns empreendimentos como fecularias, olaria, alambiques, mas a principal foi sua atuação como diretor da Cooperativa de Comércio e Produção de Guabiruba que trocava a produção excedente dos agricultores por ítens que vinham de outras cidades. Estes empreendimentos atuavam em pelo menos quatro municípios Guabiruba, Brusque, Canelinha (moura) e Itajaí. 

Devido a estas atividades Boos nunca retirou seu salário de prefeito ou vereador. 





Referências Bibliográficas

 ADAMI, Saulo; ROSA, Tina. Carlos Boos: nunca soube dizer não!. Itajaí: S&T Editores, 2005.

 

Informações adicionais:

 

Ele era conhecido por Carl Boos.

 Carlos Boos teve o primeiro carro da Guabiruba: Ford A 1929 Vinho com a cobertura amarelada.

 Falava alemão e pouco português, por isso tinha um forte sotaque alemão Ex.: "Eleiterros te Pbrrussque, Eleiterros te Guapirrupaa".

 Sempre que possível ele fazia as pessoas participarem de seus comícios, perguntando coisas aos eleitores. Exemplo:

- Seu Errnessto, como o senhor veio parra cá hoxe?

- De pé seu Carl

- E quando você saiu de casa, como você atravessou o rio?

- Passei pela Pinguela

- Pela Pinguela? Vocês tão vento?? A crrristalina não tem nem ponte, porr isso vocês tem que fotarr na PSD.

 Em seus discursos ele também utilizava gestuário e trejeitos, do tipo:

- Temos que votarrr na PSD por que se não vem a UDN e ó... em nós! (fazendo gestos obscenos)

 Como ele falava mais alemão que português, quando lhe faltava alguma palavra ele improvisava. Conta-se que em uma entrevista ele comentava sobre uma praça nova para a cidade com um chafariz (palavra que ele esqueceu)

- pois é, eu fai mantar fasser uma prrraça com chardins assim e um daquelas coisas que micha (mija) pra cima assim...

 outra história conta que ele estava em Florianópolis e procurava o banco Se Machuca. Perguntava aos pedestres e ninguém sabia onde ficava tal banco. Até que um lhe respondeu: ali fica o BESC, lá a Caixa, tem o Bradesco e lá embaixo o Sibisa... No que Boos responde: entón, é esse ai ó: Si Bisa, Si Machuga"

 Com toda suas particularidades Boos era um exímio político, conhecia todos de Guabiruba pelo nome e ajudava, sempre que possível, a todas as pessoas.

 Manteve uma Olaria no Aymoré com seu sócio Valdemar Seulrrt.

  Carlos Boos nasceu em 31/12/1905

1919 entrou no ginásio Santo Antônio em Blumenau

1924 curso de professor e guarda livros aula até o 3o ano lecionou de 1925 até 1943 na Guabiruba Norte Alta hoje Aymoré. Doou terreno pe construiu um novo prédio para a escola. 18 anos como professor.

1925 até 1960 - 35 anos como catequista.

1946 vereador para representar Guabiruba em Brusque, também em 50, 54, 58 e 62 - 16 anos como vereador.

1960 presidente da camara em brusque

Guabiruba se torna municipio em 20/05/1962

 7/10/62 eleito prefeito de Guabiruba

 Assumiu em 1963 e foi até 1969. seis anos como prefeito.

Maiores conquistas: curso ginasial, primeira ponte de concreto, eletrificação rural.

 

Pesquisa: Carlos Eduardo Michel.

 

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