BRUSQUE ONTEM - O Casamento de Aldo Krieger - Revista CARTUM INTERATIVA nº 166

Como os demais irmãos, aprendeu com o pai o ofício da alfaiataria, o qual exerceu ao lado da família até 1923. Foi balconista das Lojas Renaux, entre outros empregos. Mas, por mais que se esforçasse com outras ocupações, Aldo conservava em seu pensamento a música como um bem maior, o “dó-ré-mi” acabava sempre por lhe falar mais alto.

Paralelamente às suas demais ocupações, Aldinho funda com seus irmãos (Érico, Axel e Nilo) um conjunto para tocar no cinema mudo, o que era um grande negócio, uma vez que naqueles tempos Brusque contava com três salas de cinema (Cine Ideal, Cine Coliseu e Cine Real).  Com um grupo de amigos cria o “Conjunto Serenata” que, segundo o próprio Aldo “tinha o poder de encantar com venenosos filtros, a fantasia das moças e o coração das damas”.

Nesse meio tempo, Aldinho se casa com Gertrudes Régis, companheira fiel de toda uma vida ou “uma santa!”, como ele mesmo preferia dizer, reconhecendo a dificuldade de conviver com um boêmio. Fato esse que não era ignorado por ninguém.

 O PEDIDO DE CASAMENTO

(Retirado do Livro "Recordando o Passado", de Dinorah Krieger Gonçalves)

De seu namoro, noivado e casamento, pouco nos contava. Era muito discreta quanto a estes assuntos, tão pessoais. Mas dizia sempre que Aldinho tivera muitas namoradas que, mesmo depois de noivo, ainda mantinham alguma esperança. Coisa pouca para Gertrudes, sempre tão senhora de si.

Alguma coisa de que nos lembramos, foi relatada por Papai. E repasso, agora, nas palavras do Carmelo Krieger:

"Quando foi pedida em casamento por Aldinho, seu pai Joaquim Egídio Régis concordou de pronto, condicionando, entretanto, que o casamento fosse realizado na Igreja Católica Apostólica Romana. Seu Quincas, como era conhecido, embora filho de presbiterianos, deve ter passado por situação semelhante e casou-se na religião católica, tornando-se um devoto fervoroso.


Aldinho, luterano de nascimento, embora tivesse um bom relacionamento com o clero, não aceitou tal situação, alegando:

- Meu futuro sogro, não é o senhor mesmo quem sempre diz que quem manda no casal é o homem? Então, eu decidi casar na Igreja Luterana.

Seu Joaquim concordou com a afirmação, mas não com a situação, respondendo:

- Quando estiveres casado, podes mandar. Mas antes do casamento, não!

Aldinho pensou em uma saída e respondeu prontamente:

- Nós vamos casar primeiramente no civil e depois no religioso, certo? Então, quando eu for casar na Igreja, já serei casado e então, quem manda sou eu.

E assim, Gertrudes e Aldinho, com a concordância de seu Quincas, casaram-se na Igreja Luterana.


(Retirado do Livro "Recordando o Passado", de Dinorah Krieger Gonçalves)

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Aldinho é incansável. Através de seu rádio de ondas curtas, uma vez que em Brusque ainda não existia rádio e os gramofones ainda eram artigo de luxo nas capitais, ouvia e transcrevia os maiores sucessos das rádios do Rio de Janeiro e de Buenos Aires. A cada novo baile, novas músicas recém transcritas: os maiores sucessos dos bailes das capitais.

 

Em seus tempos de balconista das Lojas Renaux, não cessavam as reclamações do gerente por seus atrasos constantes, justificados por noitadas em que tocava na casa da própria família Renaux. Ao ser indagado, Aldinho não hesitou na resposta: “Ou bem faço música nas suas festas e chego tarde à loja, ou não toco e chego cedo!”

 


Pesquisa: Robson Gallassinni (in memorian)

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