Os Primeiros Habitantes de Brusque - Revista CARTUM INTERATIVA nº 182.
Pesquisa: Marlus Niebuhr.
Os povos que ocupavam a região do Vale do Itajaí, antes da chegada dos colonizadores europeus, são denominados "Xokleng". Os colonizadores se referiam a eles como: selvagens ou "homens da selva", empecilhos que dificultavam o projeto colonizador. O modo de vida dos Xokleng era bastante diferente dos europeus, o que causava muito espanto e estranheza. Assim, os dois grupos se envolveram em vários confrontos.
Os nativos, em primeiro lugar, não tinham a terra como uma propriedade, mas como um lugar compartilhado: lugar onde colhiam frutos, raízes, caçavam e pescavam. Os povos que vivem desta maneira são conhecidos como caçadores e coletores, não possuem um lugar fixo de moradia, mas caminhavam pelas matas e florestas de acordo com as estações do ano e seus frutos.
O território que este povo ocupava era uma grande área que podemos
localizar entre o litoral e o planalto. Na atualidade outro marco de referência
seria o espaço existente entre as cidades de Porto Alegre e Curitiba.
Devemos lembrar que o conceito de selvagem, primitivo ou mesmo índio, reflete o preconceito existente desde a colonização do Brasil. Neste caso recordamos do período da descoberta pelos portugueses: o "índio", deveria ser civilizado e cristianizado (na época foram criadas missões e muitos povos foram escravizados). Portanto os europeus se achavam superiores aos nativos da terra, que eram considerados grosseiros e inferiores.
Os colonizadores europeus do século XIX, que chegaram ao Vale do Itajaí, também se consideravam superiores, civilizados e trabalhadores, os responsáveis pelo progresso. Como entender os Xokleng? Pois, não haviam classes sociais, todos eram iguais. As tarefas eram divididas entre homens e mulheres, cabendo ao homem a caça e a pesca e às mulheres a coleta de frutos. A educação é bem prática, o jovem aprende com todos da tribo, por exemplo: ajudando na coleta de frutos, aprende sobre as matas, as plantas medicinais, as épocas de coleta de cada fruto... Com os homens apreende a técnicas de caça e pesca. Os Xokleng, tinham sua cultura, língua, território e se reconheciam como um "povo que conhece todos os caminhos".
Muitas vezes os encontros entre colonos e nativos não foram pacíficos. Devemos recordar que os imigrantes vinham em busca de terras e de melhores condições de sobrevivência, enquanto que os nativos que eram os donos da terra viam os imigrantes como invasores de suas áreas de caça.
Em dezembro de 1865, no distrito de Pomerânia, o colono prussiano Guilherme Seefeld e o colono João Brehm são atacados e feridos. Fugiram após arrancarem as flechas , mas Seefeld não sobreviveu aos ferimentos. Os “bugres” fugiram sob o alarde dos vizinhos, em direção da localidade de Bateias. Eram constantes os pedidos por parte dos colonos de armas e munição.
De acordo com os historiadores, o confronto entre nativos e colonos foi constante. Ficou registrado na nossa história o famoso Martinho Marcelino de Jesus, conhecido no linguajar da época como “Martinho Bugreiro”, que liderou expedições contra os indígenas. No entanto, também foram registrados poucos encontros pacíficos.
Em alguns casos, a moradia do imigrante era isolada e distante da vila, então a opção era compartilhar com os donos da terra as áreas de caça. A história relata um desses encontros entre italianos e nativos. O fato se deu nas terras de Porto Franco (hoje Botuverá), que pertenciam na época a Brusque: um descendente de imigrantes contou a história do seu pai, um carpinteiro que respeitava a cultura e os hábitos dos nativos da região.
Pesquisa: Marlus Niebuhr.
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